MADRI, 27 de jun de 2007 às 03:29
O Arcebispo de Toledo e vice-presidente da Conferência Episcopal Espanhola (CEE), Cardeal Antonio Cañizares, denunciou hoje que a disciplina Educação para a Cidadania (EpC) responde a "um projeto claro do Governo" em linha com "uma concepção laicista da vida, em que os conceitos religiosos ficam relegados unicamente à esfera do privado".
Assim o assinalou o Primaz da Igreja na Espanha durante sua intervenção no curso sobre a polêmica disciplina que organizam entre hoje e amanhã a Universidade CEU São Paulo e a Fundação García Morente.
EpC, imposta nas escolas através da nova Lei Orgânica de Educação (LOE), "é mais que uma disciplina", afirmou o Cardeal. Nela, "percebe-se uma concepção de fundo em contraste com os direitos que têm os pais de que os filhos recebam a formação religiosa e moral que desejem".
Na opinião do Cardeal, esta disciplina responde a "um projeto claro do Governo" em linha com "uma concepção laicista da vida, em que os conceitos religiosos ficam relegados unicamente à esfera do privado", quando, em realidade, "o ensino religioso deve ser algo fundamental na formação da pessoa".
"O ensino da religião não é um privilégio que o Estado concede, mas sim cumpre com seu dever" ao facilitar seu ensino, explicou, pedindo por isso que a nova disciplina se adapte às "convicções religiosas dos pais" que, em sua opinião, "não tem em conta".
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O Cardeal Arcebispo denunciou igualmente que a nova matéria "nega que existam princípios universais", e ensina que só existe "o que eu digo, o que eu quero construir". Os princípios desta controvertida disciplina, continuou, apóiam-se no "vazio do nada e no niilismo", ao não aceitar nenhum princípio moral universal.
Segundo o Primaz espanhol, a ideologia que se esconde detrás do EpC se emoldura em "uma redução cultural em que Deus não conta". "O esquecimento de Deus é o mais significativo destes tempos, mais inclusive que a perda do sentido dos valores, e esse esquecimento está atrás do laicismo excludente".
Mais adiante o Cardeal assinalou que EpC defende que "os valores e os direitos humanos são coisas nas quais acreditam os ingênuos", pois "se aceita o pluralismo para todos com exceção daqueles que acreditam conhecer a verdade". "Sob a aparência de pluralidade, aparece à imposição", advertiu.
Mais adiante, o Cardeal afirmou que o que hoje está sendo imposto na sociedade não é uma legítima laicidade, mas sim um "anticlericalismo insidioso, um projeto cultural que busca uma mudança de mentalidade".
Por último, o vice-presidente da CEE advertiu que tentar adaptar EpC, tal e como está elaborada atualmente, é "colaborar com o mal".