O Arcebispo de Valência, Cardeal Agustín García-Gasco, chamou os leigos a cultivar a verdadeira prudência e evitar que a lei civil suplante a moral, destinando-a só ao âmbito privado.

"A Igreja faz uma chamada nestes momentos a todos os fiéis leigos, pois resulta imprescindível desenvolver a razão prática, a prudência, a virtude que dispõe para discernir em cada circunstância o verdadeiro bem e escolher os meios adequados para levá-lo a cabo. Nossa sociedade civil parece adormecida, entorpecida", expressou em sua carta semanal.

O Cardeal advertiu que "o relativismo e as mudanças que se operam em nossa sociedade demonstram uma tendência não só a indefinição moral, mas também a substituição da moral pela lei civil", onde um ato não é imoral se não ficar proibido pela lei.

Por isso, chamou os leigos a cultivar a virtude da prudência, que não é sinônimo de astúcia, cálculo utilitarista ou desconfiança, mas sim capacidade "para tomar decisões coerentes, com realismo e sentido de responsabilidade. A prudência permite aplicar corretamente os princípios morais aos casos particulares".

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O Cardeal disse que quando graças à prudência, o cristão valorou uma situação particular, deve mover-se à ação, pois "não atuar quando já se decidiu responsavelmente o que terá que fazer não é prudência, é negligência, e muitas vezes é fruto do medo, a preguiça, a abulia ou a falta de uma verdadeira generosidade".

O Cardeal lembrou que entre as "muitas ações radicalmente negativas" que se disfarçam, está "o escândalo das cifras do aborto que encobre um negócio multimilionário" que "tenta-se dissimular negando a condição de pessoa ao embrião".

O Cardeal afirmou que "os fiéis leigos têm a oportunidade de realizar uma síntese entre fé e vida, evitando que se vivam com dualismo, como se fossem realidades paralelas".

Para isso, assinalou, "a Igreja propõe um caminho semeado sabiamente pelos elementos que caracterizam o itinerário do cristão: a adesão à Palavra de Deus, a oração, ; a celebração litúrgica do mistério cristão; a oração pessoal; a experiência eclesiástica autêntica; o exercício das virtudes sociais, especialmente da prudência, e o perseverante compromisso de formação cultural e profissional".