ROMA, 17 de nov de 2009 às 00:01
Na apresentação de seu livro "Por uma nova Europa, a contribuição dos cristãos", o Decano do Colégio Cardinalício, Cardeal Angelo Sodano, assinalou que a Europa, "mais que uma realidade geográfica, é uma realidade espiritual, que a distingue de outros continentes", formada a partir de profundas raízes cristãs que não podem ser ignoradas, diante das ameaças laicistas que procuram desterrá-las.
Na introdução do texto, o Cardeal recorda primeiro o grande trabalho do Papa João Paulo II e sua contribuição para a queda do Muro do Berlim e o fim do comunismo na Europa, assim como seu incansável trabalho pela "Comunidade européia do Espírito", uma tarefa também importante para o Papa Bento XVI.
Bento XVI, diz logo o Cardeal Sodano, "desde o início de seu pontificado, sempre recordou as raízes cristãs da Europa, capazes de assegurar um novo e harmônico desenvolvimento da vida social do continente".
Estas afirmações do Santo Padre, precisa o Cardeal, embatem contra "uma corrente laicista que busca ocultar o fenômeno religioso e moral na vida dos povos europeus. Algum deles inclusive falou sobre momentos de amnésia histórica, outros de fenômenos de cristofobia. O certo é que existem tentativas que procuram dissolver a identidade cristã da Europa".
Contra estas tentativas, prossegue o Decano, "reagiram justamente muitos homens de boa vontade, em particular os cristãos da Europa, custódios daquele patrimônio espiritual que sempre os caracterizou ao longo dos séculos" que permite a Europa "progredir à luz daqueles valores espirituais que são seu patrimônio precioso".
Citando logo ao Papa Bento XVI em sua encíclica social Caritas in veritate, o Cardeal Sodano assinala que este texto pontifício "traz um apelo particular à Europa, pela especial missão que está chamada a cumprir na atual realidade internacional. É um apelo destinado sobre tudo aos cristãos do continente, para que façam presente o Evangelho de Cristo na vida de suas comunidades" e assim "transformar a sociedade".
O Cardeal Sodano precisa ademais que "os cristãos só desejam reivindicar o direito a concorrer na formação de uma civilização que respeite e promova o direito de todos, quer dizer, o dos fiéis e suas instituições".
"A nova Europa que os cristãos, particularmente os católicos, querem consolidar não é uma Europa confessional. Mas tampouco desejam que a Europa seja uma instituição laicista, que esqueça os valores espirituais que a animaram no curso dos séculos".
Os cristãos, conclui, "conhecem bem o dever de dar a César o que é de César, mas também exigem legitimamente a César que dê a Deus o que é de Deus".