VATICANO, 30 de nov de 2009 às 11:51
Em sua mensagem pela festa de Santo André ao Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I, Bento XVI ressaltou que o Papa, como Sucessor do Apóstolo Pedro, serve "à unidade na verdade e a caridade" e que seu serviço não deve entender-se "em uma perspectiva de poder mas dentro de uma eclesiologia de comunhão".
Na mensagem entregue ao Cardeal Walter Kasper, Presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, durante sua visita à Istambul, o Santo Padre recordou o mártir irmão de São Pedro e explicou que "a memória dos Santos mártires move a todos os cristãos a darem testemunho de sua fé ante o mundo. É uma chamada urgente, sobre tudo em nossos dias, quando a Cristandade se enfrenta com provocações cada vez mais complexas".
"Nossas Igrejas se comprometeram sinceramente nas últimas décadas em prosseguir o caminho que leva a restabelecimento da plena comunhão e, apesar de que não tenhamos alcançado ainda esse objetivo, demos muitos passos que têm feito possível aprofundar os laços comuns".
Seguidamente Bento XVI indicou que essa abertura guiou os trabalhos da Comissão Internacional Mista para o Diálogo Inter-religioso que celebrou sua 11° sessão plenária no mês passado no Chipre e cujo tema foi: "O papel do Bispo de Roma na comunhão da Igreja no primeiro milênio".
"Um tema complexo e que requer um estudo exaustivo e um diálogo paciente se aspiramos à integração compartilhada das tradições orientais e ocidentais", destacou o Papa.
"A Igreja Católica entende o ministério petrino como um dom do Senhor para sua Igreja. Este ministério não deve interpretar-se segundo uma perspectiva de poder, mas dentro de uma eclesiologia de comunhão, como serviço à unidade na verdade e a caridade", afirmou.
"O Bispo da Igreja de Roma que preside na caridade é o Servus Servorum Dei (o Servo dos Servos de Deus). Trata-se de procurar juntos, inspirados no modelo do primeiro milênio, as formas em que o ministério do Bispo de Roma possa cumprir um serviço de amor reconhecido por um e por todos", disse logo o Santo Padre.
Finalmente o Papa ressaltou que no caminho à plena comunhão "podemos oferecer já um testemunho comum trabalhando juntos ao serviço da humanidade, sobre tudo defendendo a dignidade da pessoa e afirmando os valores éticos fundamentais, promovendo ao mesmo tempo a justiça e a paz" e que ambas as Igrejas "podem cooperar em sensibilizar as pessoas à respeito da responsabilidade da humanidade na proteção da criação".