Buenos Aires, 20 de jul de 2010 às 12:27
O Arcebispo Emérito de Resistencia, na Argentina, Dom Carmelo Giaquinta, assinalou em sua reflexão do fim de semana que o governo da Argentina apesar de ter feito da "defesa de seus direitos humanos sua bandeira", não foi capaz de "perceber que a lei de matrimônio civil entre pessoas homossexuais atropela inutilmente" o direito natural.
Em sua reflexão o Prelado explicou que "o direito natural a unir-se em matrimônio entre homem e mulher é prévio a toda religião revelada e a toda jurisprudência. É um dos direitos humanos fundamentais, que não os outorga nenhuma autoridade, a não ser a mesma natureza humana. E a defesa destes é a finalidade da autoridade".
Infelizmente, prosseguiu, "este governo, que da defesa dos direitos humanos tem feito sua bandeira, foi incapaz de perceber que a lei de matrimônio civil entre pessoas homossexuais atropela inutilmente este direito fundamental. Ele o fez com o pretexto de defender o direito da minoria homossexual, de não discriminá-la, e de promover a igualdade ante a lei".
O Prelado também lamentou que "foi dito, torpemente, que a discussão no Senado era entre Néstor Kirchner e o Cardeal Bergoglio", porque "o que aconteceu é, em realidade, a derrota do sentido comum pela estupidez dos homens" e acrescentou que "já foi penoso que tivessem levado ao Senado um projeto de lei sobre o matrimônio entre homossexuais em vez de um projeto sobre a defesa dos direitos dos mesmos, sem ofender os direitos exclusivos do matrimônio que, por natureza, só existe entre o homem e a mulher. E isto, prévio a todo direito positivo e a todo dogma religioso".
"As coisas que são por natureza, são como são. Por isso as chamamos com uma determinada palavra para diferenciá-las de outras que têm outra natura específica. Aplicar uma palavra que é própria de um ser a outro que não lhe corresponde, e lhe reconhecer a este ser direitos que não lhe correspondem e que são próprios do primeiro, é um avassalamento aos direitos humanos deste. E, por concomitância, aos direitos humanos de todos, pois todos formamos uma só família humana. Desta maneira não se promove a concórdia social", advertiu.
Para finalizar, o prelado sustentou que "a Igreja, nesta hora, através de muitos sofrimentos, externos e internos, está chamada por Deus a um redescobrimento mais profundo do Evangelho de Jesus Cristo. E isso, tanto na vivência pessoal, quanto na vivência da comunidade eclesiástica. Só assim a Igreja pode empreender a Nova Evangelização".
Sublinhou que "ser discípulo de Cristo e missionário vão juntos" e que os católicos nos equivocaríamos "se pensássemos que já somos discípulos, e que só nos falta ser mais missionários".
Depois de afirmar que "desperdiçamos, em grande medida, a graça excepcional que foi o Concílio Vaticano II, como foi visto na grande crise sacerdotal e da vida religiosa que sucedeu imediatamente o mesmo", Dom Gianquinta advertiu que "seria penoso que esta hora da Igreja, no mundo e na Argentina, passasse sem que soubéssemos escutar a voz de Deus que chama a uma renovação profunda, pessoal e comunitária, conforme o Evangelho de Jesus".