SÃO PAULO, 20 de out de 2010 às 16:05
O bispo da diocese de Guarulhos Dom Luis Gonzaga Bergonzini enviou recentemente uma carta aos seus irmãos no Episcopado na qual afirma que sua campanha é contra os candidatos favoráveis à liberação “do aborto, de todos os partidos, a qualquer cargo”. Dom Bergonzini esclarece que “que nunca indiquei apoio a qualquer candidato, como agora não o faço”. “Não tenho intenção de polemizar, mas simplesmente de deixar clara a minha posição como Bispo, em defesa da Igreja, dos mandamentos de Deus”, esclarece também o prelado brasileiro que em julho deste ano recomendou aos católicos que não dêem a candidatos que aprovam tais “liberações”.
“Como é de conhecimento de todos, em 01.07.2010, iniciei uma campanha contra os candidatos favoráveis ao aborto, de todos os partidos, a qualquer cargo”, escreve o bispo de Guarulhos em sua carta aos bispos brasileiros onde menciona o apoio dado pelo PT à descriminalização do aborto e legalização das uniões homossexuais ao longo de vários anos.
“O PT – Partido dos Trabalhadores – é o principal articulador dessa ação no Brasil e, também, do “casamento” de homossexuais. Desde 1991, vem tentando implantar o aborto, com o projeto de lei n. 1.135/91, dos então deputados do PT Sandra Starling e Eduardo Jorge. Os Congressos do PT aprovaram a liberação do aborto como programa do partido. O projeto de lei 1935/91 foi derrotado na Comissão de Seguridade e Saúde por 33 a 0 e na Comissão de Constituição e Justiça, dor 57 a 4., na Câmara Federal. O deputado do PT, José Genoino, demonstrando o ferrenho propósito de implantar o aborto, requereu a aprovação do projeto de lei 1935/91 diretamente pelo plenário, onde a bancada de deputados da “base aliada” do governo tem a maioria e pode ser aprovado a qualquer momento. Projeto de Lei n.º 1.151/95, sobre o casamento civil entre homossexuais, foi apresentado por Marta Suplicy em 26 de outubro de 1995, quando ela ocupava a cadeira de deputada federal pelo PT. Iara Bernardes, então deputada federal do PT, apresentou o projeto de lei 122/ 2006, que impede as pessoas e os religiosos de emitirem opinião sobre homossexuais, sob pena de prisão”, afirmou o Bispo.
Segundo Dom Luis, o seu comportamento “é baseado em minha consciência e no Evangelho. E visa a discussão de valores com a sociedade”.
“Seja qual for o resultado das eleições, filósofos, sociólogos, antropólogos, religiosos e a população já começaram a debater o que chamam de “agenda de valores”. O relativismo na sociedade e na Igreja Católica, sempre lembrado pelo Papa Bento XVI, também tem sido questionado: o meu sim é sim e o meu não é não”, asseverou.
Em seguida o bispo menciona a polêmica nota publicada por Dom Demétrio Valentini, bispo de Jales (SP) na qual este prelado do interior paulistano “publicou uma matéria de meia página, no jornal Diário de Guarulhos, editado em minha diocese, com uma acusação de crime eleitoral. Um bispo acusando outro de crime, pela imprensa. É algo muito grave e inadmissível”.
“Anteriormente, recebi uma carta anônima com velada ameaça à minha vida, que já está nas mãos da polícia”, denunciou também o prelado.
“Imaginava ter sido um destempero momentâneo do bispo de Jales. Enviei-lhe uma carta, com cópia ao presidente da CNBB-Regional Sul-1, Dom Nelson Westrupp, reclamando do fato e apontando a suspeita de o bispo de Jales estar atuando partidariamente”, disse Dom Bergonzini, quem também esclareceu que “a confirmação da atuação partidária de Dom Demétrio Valentini veio na revista Isto É, pg. 40, edição 2135, de 13.10.2010.”
“Nessa revista está escrito: “A exemplo do pastor Manoel Ferreira, dom Valentini é amigo de Lula, tem exercido papel fundamental no diálogo com os católicos”. Além disso, Dom Valentini insiste em que “esta situação precisa ser esclarecida e denunciada” dando a entender que existe qualquer interesse além do Evangelho”.
“Por essas circunstâncias, sou forçado a concluir que: a) a matéria publicada no jornal de Guarulhos teve a mão do Partido dos Trabalhadores e visou me amedrontar; b) a matéria visou, também, assustar os fiéis de minha diocese; c) em âmbito nacional, visou assustar os Bispos e a comunidade cristã e d) parece que há Bispos da Igreja Católica, no Brasil, que estão trocando o Evangelho do Senhor pela política partidária e por amizades pessoais”, afirmou .
O bispo afirma energicamente que “Nós, agora no Brasil, também não podemos nos calar. Vamos agir e orientar o povo para que não se deixe enganar pelos oportunismos de última hora”.
“Diante desses fatos, sou obrigado a enviar uma reclamação ao Papa Bento XVI, imediatamente, com toda a documentação, pedindo-lhe que tome as providências que julgar cabíveis e necessárias, para reorientar a Igreja Católica Apostólica Romana no Brasil, inclusive me orientar, se eu estiver agindo em desconformidade com o Evangelho”.
Assim, Dom Luis esclarece que “nunca indiquei apoio a qualquer candidato, como agora não o faço. Estou sendo coerente com meu artigo “Dai a César o que é de César”, publicado em 01/07/2010”.
“Não tenho intenção de polemizar, mas simplesmente de deixar clara a minha posição como Bispo, em defesa da Igreja, dos mandamentos de Deus”, conclui Dom Bergonzini.
Para ver o histórico do aborto no Brasil, desde 1974, citado na carta do Bispo de Guarulhos acesse: http://www.youtube.com/watch ?v=4cJZZzWysN4
Dom Aldo Pagotto em um recente vídeo também denuncia a promoção do aborto no Brasil: http://www.youtube.com/watch?v=j2q2DI9RsUo
O Artigo de Dom Bergonzini “Dai a César o que é de César” pode ser lido no site da diocese de Guarulhos:
http://www.diocesedeguarulhos.org.br/miolo.asp?fs=menu&seq=697&gid=950