A presidente eleita Dilma Rousseff escreveu uma carta ao Papa Bento XVI com a intenção de aprofundar relações com o Vaticano. O emissário da correspondência é o chefe do gabinete pessoal da presidência, Gilberto Carvalho. O texto será entregue ao secretário do Vaticano para as Relações com os Estados, Arcebispo Dominique Mamberti, na segunda-feira, 22. Até lá, a íntegra da carta não será divulgada, conforme informou o assessor do gabinete pessoal, Diogo de Sant'Ana a Canção Nova Notícias.

Em declarações ao portal de notícias da Rede de rádio e TV católica Canção Nova, Sant’Ana afirmou que "a carta não possui um viés programático. Antes, serve para demonstrar o desejo do novo governo de continuar e aprimorar as relações de altíssimo nível tecidas com o Vaticano ao longo dos últimos anos".

Segundo o Portal Canção Nova Notícias, Gilberto Carvalho é o nome preferido do governo quando o assunto é relações com a Igreja. Carvalho está em Roma para representar o presidente Lula na cerimônia em que o Arcebispo de Aparecida, Dom Raymundo Damasceno Assis, será oficializado como membro do Colégio Cardinalício por Bento XVI, neste sábado, 20.

Sant'Ana adianta que o objetivo principal da correspondência é o de reforçar as relações de fraternidade entre o Brasil e o Vaticano. "O texto também expõe o entendimento do governo acerca da liberdade religiosa, fé e outras disposições constitucionais e políticas do relacionamento com a Igreja", complementou.

Segundo ele, a carta não toca em temas polêmicos levantados durante a campanha, como a questão do aborto e da possível revisão do Acordo entre o Brasil e o Vaticano.
"Foram boatos eleitorais", classifica o assessor nas declarações divulgadas pela Canção Nova Notícias.

Entretanto o Estadão em uma reportagem publicada hoje na sua página de internet recorda que “a duas semanas da eleição, e sob pressão de religiosos, Dilma havia lançado uma carta-compromisso aos cristãos em que destacava ser pessoalmente contra o aborto. Foi a segunda versão de um texto preparado por um grupo de católicos e evangélicos. Ela se recusou a assinar o primeiro rascunho, que condenava o casamento entre homossexuais”.

Até o momento a presidente-eleita insiste que no seu governo, como afirmava seu predecessor, Luis Inácio Lula da Silva, o aborto será tratado como “tema de saúde pública”, um eufemismo condenado pelo perito brasileiro José Nunes, quem afirma que “aborto como questão de saúde pública” é dar ao estado o direito de tirar vidas. Poucos dias antes da eleição Dilma usou cifras não-oficiais infladas e opinou que as mulheres que acudiam ao aborto não deveriam ser presas e que nem sequer existem prisões suficientes para tantas mulheres no país, insinuando uma posição favorável a que no Brasil a prática anti-vida, que sempre supõe a morte do não-nascido, seja legalizada.

Segundo o Estado de São Paulo a carta de Dilma foi “mais um gesto para se aproximar da Igreja Católica, agora como presidente eleita do Brasil”.
"A intenção da presidente eleita é fazer uma saudação ao papa e garantir que as relações do próximo governo com a Igreja continuarão sendo as melhores possíveis", disse o chefe de gabinete de Lula e ex-seminarista, Gilberto de Carvalho,  na matéria do Estado de S. Paulo publicada hoje.

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