Roma, 2 de dez de 2010 às 13:59
Depois da frustrada visita em janeiro de 2008 do Papa Bento XVI à Universidade italiana La Sapienza em Roma, a maior da Europa, o novo reitor deste centro de estudos, Luigi Frati, convidou o Santo Padre a "vir pois o acolheremos com os braços abertos".
Em declarações ao jornal italiano Il Foglio, Frati disse esta terça-feira que "durante o reitorado de meu predecessor (Renato Guarini) cometeu-se um clamoroso engano. Não dar a possibilidade ao Bispo de Roma de falar na Sapienza foi um disparate imperdoável".
Assim o expressou Frati ao referir-se à protesta de 67 professores da mencionada universidade que assinaram um petição para que o Papa Bento XVI não fosse à Universidade La Sapienza para inaugurar o ano acadêmico em 17 de janeiro de 2008. Logo depois de diversas protestas de alguns estudantes que ameaçaram perturbando o evento, a Santa Sé decidiu em 15 de janeiro que esta devia ser cancelada.
Frati comenta em suas declarações ao Il Foglio que "estou convencido que muitos dos 67 professores que dois anos atrás assinaram a carta de protesta pela visita ‘incongruente’ do Pontífice –lamentando-se pelo que Ratzinger havia dito no discurso de Ratisbona e utilizando argumentações discutíveis sobre a figura de Galileu– não leram o discurso original de Ratisbona nem Galileu".
"Um professor da maior universidade da Europa que fala daquilo que escuta não nos dá uma melhor imagem", acrescenta Frati.
Com efeito, no dia 5 de fevereiro de 2008, o L’Osservatore Romano publicou um artigo no qual explicava que os 67 professores que assinaram o petição de protesto contra a visita do Papa apoiaram suas acusações em uma cita fora de contexto da Wikipédia, "a enciclopédia na Internet que é redigida pelos leitores que navegam na rede e que nenhum homem de ciência utilizaria como fonte exclusiva de suas investigações, a menos que verificasse com precisão a veracidade da mesma".
O reitor Luigi Frati conclui suas declarações ao Foglio fazendo um convite: "o Papa Ratzinger pode vir quando queira à Sapienza para dar uma conferência, talvez sobre a relação entre ciência e fé. Nós o convidado e se puder vir o acolheremos com os braços abertos".
Embora o Papa não tenha ido à Sapienza, o jornal vaticano sim deu a conhecer o discurso que teria pronunciado o Pontífice para a ocasião. Este começava com a frase: "Não devo impor a fé, mas sim a pedir a coragem para a verdade".
Massivo apoio ao Papa Bento XVI
Na Audiência Geral de 17 de janeiro de 2008 200 estudantes da universidade La Sapienza se fizeram presentes no Vaticano para expressar sua proximidade e afeto ao Santo Padre depois da decisão de cancelar a visita a este centro de estudos. Em um dos pôsteres lia-se: "Se Bento não for à Sapienza, a Sapienza vai a Bento".
Essa mesma semana e logo depois da convocatória do então Vigário de Roma, Cardeal Camillo Ruini para expressar sua solidariedade com o Santo Padre, mais de cem mil pessoas se fizeram presentes na Praça de São Pedro para a oração do ângelus dominical de 20 de janeiro.
Naquela ocasião o Papa Bento XVI saudou "acima de tudo aos jovens universitários, aos professores e a todos vocês que vieram hoje em tão grande número à Praça de São Pedro para a oração do Ângelus e para expressar-me sua solidariedade".