Um informe filtrado do Departamento de Estado mostra que o governo dos Estados Unidos considerou financiar projetos de grupos abortistas radicais no México que, segundo peritos consultados pelo grupo ACI, procuram mudar a sociedade mexicana e legalizar o aborto em nível nacional sob o pretexto de "combater a violência contra a mulher".

Segundo o vice-presidente do Catholic Family & Human Rights Institute, Terrence McKeegan, o documento representa uma mudança silenciosa mas grave das prioridades americanas de ajuda externa. Está destinando-se grandes segmentos de ajuda exterior a "grupos de ativistas cuja atividade principal é pedir por mudanças sociais radicais nas leis nacionais" de seus países, denunciou.

Desta maneira, o governo usaria os recursos públicos dos EUA para fortalecer as organizações que estão "muito longe da corrente principal da sociedade mexicana e latino-americana em geral" a favor da vida, acrescentou Joseph Meaney, diretor de coordenação internacional da Human Life International.

Os projetos

O informe publicado pelo Wikileaks tem como data 22 de fevereiro 2010 e provém da Embaixada dos Estados Unidos no México. O documento enumera quatro solicitudes de subvenção apresentados ante o Escritório de Assuntos Mundiais da Mulher da Secretaria de Estado.

A primeira é uma proposta da Sociedade Mexicana Pró Direitos da Mulher (Semillas) para financiar um projeto contra a "violência de gênero" nos estados de Chiapas e Guanajuato, que tem como um de seus temas os "direitos sexuais e reprodutivos" questões como a educação sexual para os jovens, o "direito a decidir" e "diversidade sexual", eufemismos que encobrem a promoção do aborto.

McKeegan explicou à agência ACI Prensa no último dia 18 de março que a entidade Semillas está encabeçada por "um feminista radical" a quem lhe atribui ter introduzido a despenalização do aborto na capital, Cidade do México.

O segundo programa corresponde ao Centro de Direitos humanos das Mulheres (CEDEHM) sobre os direitos das mulheres vítimas da violência no estado de Chihuahua. O programa propõe a produção de um vídeo animado de cinco minutos e um folheto para as vítimas de estupro com instruções para recorrer ao aborto.

O terceiro programa corresponde ao grupo Litígio Estratégico em Direitos humanos para promover um filme financiado pela Fundação Ford sobre "direitos sexuais e reprodutivos" e "a interrupção legal da gravidez".

O quarto projeto é do Consórcio para o Diálogo Parlamentar e a Eqüidade que organiza alianças relacionadas não os "direitos sexuais e reprodutivos".

Meaney denunciou que as organizações feministas utilizam com freqüência o tema da violência contra a mulher para ocultar seus programas de controle da natalidade e o aborto.

O México conta com leis que proíbem a maioria de abortos fora do Distrito Federal, e grupos como Semillas querem "reverter a proteção do direito à vida das crianças antes de nascer". Estes grupos também fizeram significativas tentativas para promover as uniões entre pessoas do mesmo sexo como "matrimônio", informou.

Em 1984 o governo dos EUA aprovou a Política de Cidade do México, que proíbe o financiamento dos contribuintes para as organizações que promovem ou realizam abortos no exterior. O presidente Barack Obama anulou esta política em janeiro de 2009.

O Escritório de Assuntos Mundiais da Mulher não confirmou se já aceitou conceder alguma das subvenções solicitadas.

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