O Cardeal Antonios Naguib, Patriarca católico de Alexandria dos Coptos (Egito), assegurou em entrevista ao grupo ACI que neste momento seu povo deve decidir entre viver em democracia ou ser um estado muçulmano.

"Não temos uma opção intermédia" entre o islamismo e a democracia, explicou o Cardeal Naguib e considerou que o Egito está destinado a ser uma nação onde a liberdade, a igualdade de direitos e a democracia prevalecerá, ou um estado muçulmano no qual estes valores poderiam estar intrinsecamente comprometidos.

Desde o Vaticano, onde nestes trabalha nos documentos finais do Sínodo do Vaticano para o Oriente Médio, o Patriarca avaliou a atual conjuntura da realidade egípcia, semanas depois dos violentos protestos que terminaram com a renúncia do presidente Hosni Mubarak após 30 anos de governo.

O referendum celebrado no dia 19 de março quase 78 por cento da população votou a favor de uma mudança parcial da Constituição só para modificar os poderes do presidente. O Cardeal Naguib considera que este resultado demonstra a profunda influência dos islamistas na sociedade.

"Infelizmente, (o referendum) foi apresentado sob uma luz religiosa. Em vez de falar de opções políticas e sociais, falou-se de uma visão e opção religiosa o que para mim e para muitos falsificou a orientação deste movimento pela mudança" no Egito, indicou o purpurado.

O Patriarca lamentou que o referendum foi exibido como uma decisão a favor ou contra o Islã, por isso resulta normal que a grande maioria tenha optado por manter o sistema.

O objetivo original do movimento contra Mubarak, explicou o Cardeal Naguib ao grupo ACI, foi "a democracia, o estado civil, a igualdade, um estado e uma ordem apoiados na igualdade de direitos e responsabilidades para todos, com a participação real de todos, a mudança de governo e autoridade. Todos os dos componentes de um estado civil moderno".

Entretanto, apenas 22 por cento dos votantes pediu no referendum a revisão completa da Constituição. Entre eles os muçulmanos e os políticos que criticaram duramente a falta de vontade para obter uma mudança maior.

O Cardeal espera que as seguintes fases na vida política do país permitam obter uma mudança definitiva da Constituição.

Em setembro, os egípcios terão eleições parlamentares e logo será formada uma comissão para abordar o alcance das modificações. A partir deste passo chegarão as diretrizes para o novo presidente.

"Estas são as três etapas, os três momentos que são definitivos para o futuro", disse o Cardeal Naguib e considerou que os comícios terão um efeito em todo o Meio Oriente.