A Conferência Episcopal da Guatemala publicou um comunicado no qual recordou que o matrimônio não é negociável, em alusão implícita ao divórcio do Presidente Álvaro Colom para permitir a candidatura da primeira dama Sandra Torres.

O comunicado, publicado ante a campanha política pelas eleições presidenciais de novembro, recolhe a postura dos bispos "sobre temas que hoje preocupam a nossa sociedade".

Os bispos sustentam -sem mencionar o caso Colom- que "nestes últimos dias foram suscitadas discussões em torno à instituição do matrimônio, sua estabilidade e função na sociedade".

"Acreditamos que a instituição do matrimônio como base da família e da sociedade não pode ser sujeita a outros interesses. Portanto a instituição do matrimônio, inclusive em suas realizações deficientes, tem um caráter não negociável. Esta responsabilidade é tanto maior quando o matrimônio ou sua dissolução é entre pessoas notáveis na sociedade de modo que suas ações podem marcar pautas de comportamento para outros. Pedimos que a instituição do matrimônio não seja um assunto negociável", explicam.

Do mesmo modo, recordaram no texto de 7 de abril que "a Igreja sustenta que a família é o fundamento da sociedade. Entre batizados, o matrimônio válido é aquele que se realiza na Igreja e que tem caráter sacramental e é exclusivo e indissolúvel. Entretanto, o matrimônio tem um fundamento na lei natural, por isso a união de um homem e uma mulher para formar uma família, inclusive não alcançando a dignidade de sacramento tem um valor natural."

Na sexta-feira 8 de abril, os representantes legais do casal informaram a imprensa local que a justiça da Guatemala já sentenciou a favor do divórcio do presidente Colom, terminando o processo de separação legal "por mútuo acordo" iniciado no dia 11 de março perante um tribunal da capital guatemalteca.

Colom iniciou os trâmites três dias depois de que Torres anunciou sua candidatura aos comícios de setembro com o apoio do partido governante. Com o divórcio, o casal espera evitar o bloqueio da Constituição que proíbe que os familiares do presidente até o quarto grau de consangüinidade e do segundo de afinidade possam aspirar ao cargo de chefe de Estado.

Os bispos pediram uma "campanha respeitosa da lei e da liberdade pessoal" e insistiram a todos os cidadãos que cumpram responsavelmente com sua obrigação de votar.

Além disso, expressaram sua preocupação por "os altos índices de gravidezes de meninas e adolescentes, de enfermidades de transmissão sexual e de infecção do HIV, assim como a violência contra mulheres, crianças e meninas" e pela promoção de uma educação sexual que exclui "os valores e a cosmovisão religiosa, sobre tudo a cristã".

"Nenhuma atividade humana pode ser entendida e realizada à margem de considerações éticas e de valores. Onde intervém a liberdade são necessários os princípios que guiem as decisões", recordaram.