O doutor Richard Fitzgibbons, um dos psiquiatras mais prestigiosos dos Estados Unidos, questionou os resultados do milionário estudo sobre os casos de abusos sexuais perpetrados por membros do clero –feito a pedido da Conferência de Bispos Católicos local- porque nega a relação entre a homossexualidade dos abusadores e seus delitos.

O relatório "Causas e contexto do abuso sexual de menores por sacerdotes católicos, 1950-2010" custou dois milhões de dólares e foi realizado pelo John Jay College of Criminous Justice de Nova Iorque. Os investigadores assinalam que a permissividade sexual dos anos 60 e a pobre formação dos seminários da época explicam os casos de abusos.

O estudo reconhece que quase 80 por cento das vítimas são varões menores de idade submetidos a atos homossexuais, mas conclui que não se pode sustentar "a hipótese de que os sacerdotes com identidade homossexual… sejam significativamente mais propensos ao abuso sexual".

Fitzgibbons rebateu essa conclusão e disse que "a análise da investigação demonstra claramente que a principal causa da crise foi o abuso homossexual de varões".

O psiquiatra, perito em dar tratamento de sacerdotes que cometeram abusos sexuais, disse ao grupo  ACI que "isto está no coração da crise". Com os dados atuais, "pode-se concluir que estes sacerdotes têm uma forte atração por pessoas do mesmo sexo".

"Quando um adulto está envolvido em uma conduta homossexual masculina, claramente tem um problema na área da homossexualidade", precisou.

O perito disse ademais que "os sacerdotes e seminaristas que sofrem de uma profunda atitude homossexual têm a séria responsabilidade de procurar ajuda adequada para proteger assim os adolescentes".

Fitzsgibbons elogiou o trabalho do John Jay Criminous College em estudos anteriores que permitiram conhecer estatísticas "precisas" sobre os casos de abusos sexuais. Entretanto, questionou a eleição destes investigadores para o estudo atual já que, como criminologistas "carecem experiência profissional para comentar o tema do abuso sexual".

"Suas conclusões prévias foram muito precisas, mas esta análise –a tentativa de identificar causas e contexto– é algo com o qual estou completamente em desacordo. Se os bispos queriam uma análise sobre as causas da complexa conduta sexual com adolescentes, não procurem criminologistas".

Os criminologistas, explicou o perito ao grupo ACI, "não estão treinados para compreender essas causas já que esse treinamento é dado a profissionais da saúde mental. Podem informar sobre uma análise estatística da conduta, mas em minha opinião, em relação às causas, cruzaram a linha".

O estudo também explica que o celibato sacerdotal não é um fator nos abusos sexuais e assinala que os culpados escolhiam varões porque o clero tinha no passado um maior acesso a eles.

Bill Donohue, Presidente da Liga Católica para a Liberdade Religiosa, assinalou que o relatório "assinala que 81 por cento das vítimas eram varões e que 78 por cento eram pré-adolescentes. Dado que 100 por cento dos abusadores eram homens, então temos que é uma questão de homossexualidade, não de pedofilia nem heterossexualidade".

O estudo mostra ademais que a maior quantidade de abusos ocorreram "entre a metade dos anos 60 e a metade dos 80, enquanto que 94 por cento do total ocorreu antes de 1990". Cada ano, acrescenta o especialista, "ocorrem menos denúncias".