Roma, 24 de jan de 2012 às 14:45
Após o último ataque dos extremistas muçulmanos do grupo Boko Haram na Nigéria que cobrou a vida de mais de 200 pessoas no último fim de semana, o Arcebispo de Jos denunciou que existem "forças do mal que manipulam a religião para seus próprios fins".
Em declarações à agência Fides, o Prelado nigeriano descreveu a situação de caos e terror que criaram os extremistas islâmicos com seus ataques.
"Estou tentando ligar por telefone a Dom John Namanza Niyiring, Bispo de Kano, mas as linhas não funcionam", disse o bispo Dom. Ignatius Ayau Kaigama Arcebispo de Jos, na Nigéria Central, à agência vaticana Fides.
Na tarde de 20 de janeiro, em Kano, a maior cidade do norte da Nigéria, uma série de atentados explosivos coordenados e assaltantes armados atacaram vários alvos, entre os quais estavam algumas estações de polícia.
"Ontem à noite falei com o pároco da igreja de Nossa Senhora dos Apóstolos, pelo telefone celular e disse-me que estava obrigado a esconder-se porque estava sob ataque. Entretanto, a informação que temos não é completa, e estamos em busca de confirmação".
"As linhas telefônicas caíram, não sei se foi um problema técnico ou de outra causa. A situação segue sendo confusa. Veremos como o governo vai reagir a este novo ataque", relatou o Arcebispo
Dom Kaigama confirma que a Jos estão chegando cristãos que fugiam do Estado de Yobe (no Norte), devido aos recentes ataques dos membros do Boko Haram. "Como Jos é uma área onde preponderam os cristãos, esta gente vem aqui para reunir-se com amigos e familiares".
Dom Kaigama sublinha que "temos que olhar além do aspecto religioso desta crise. Cada vez que os cristãos e os muçulmanos são assassinados é preciso assinalar que existem forças do mal que manipulam a religião para seus próprios fins".
"Temos que descobrir quem são estas forças. Há muitos interesses que alimentam a tensão e a violência na Nigéria. É incrível como Boko Haram pode levar a cabo ataques cada vez mais sofisticados e coordenados, não só contra a população civil, mas também contra os agentes do Estado. São ataques que se realizam de maneira muito eficiente e precisa", denúncia.
"Portanto, devemos ver além das aparências: existe uma sofisticada rede que recruta pessoas, as treina- e as arma para levar a cabo este tipo de ataques", conclui o Arcebispo.