Diante da próxima votação do Supremo Tribunal Federal este11 de abril, a qual poderia aprovar a legalidade do aborto dos bebês portadores de anencefalia, vários bispos brasileiros têm manifestado a ACI Digital sua posição contrária a esta possível decisão do Supremo. Em diálogo com a nossa agência, Dom Fernando Guimarães, Bispo de Garanhuns – PE e membro da Assinatura Apostólica no Vaticano, também defendeu o direito a nascer dos anencéfalos afirmando que “a vida é dada por Deus e só Deus pode dispor dela”.

O bispo, que também é juiz eclesiástico criticou que uma lei deste tipo não passe pelos Parlamentares, eleitos para representar os interesses do povo brasileiro, que em sua grande maioria é contrário ao aborto.

No diálogo com ACI Digital, Dom Fernando recordou o que a Igreja ensina a respeito deste importante tema do aborto dos fetos diagnosticados com anencefalia durante a gestação

“A vida humana pertence a Deus. É uma dádiva, um dom de Deus. Estamos justamente celebrando nesses dias a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo. A morte –  aparente derrota, com o sofrimento da Paixão – no caso de Jesus torna-se sinal de salvação e de redenção para a humanidade. Nós celebramos um sangue inocente, uma morte inocente, injusta, que se torna fonte de salvação e de redenção”, respondeu o prelado.

“A vida é um dom que ninguém tem o direito de tirar. Uma vida, embora diminuída, embora de alguma maneira impedida por situações físicas ou doenças, é sempre uma vida e, como tal, deve ser respeitada”, asseverou também o bispo.

Dom Guimarães acrescentou ainda em sua resposta que “ninguém - seja um indivíduo ou seja o Estado - tem o direito de determinar que vidas são dignas de serem vividas ou que vidas não podem ser vividas”.

“Submeter a vida humana a um poder que não seja o poder de Deus é entregar a decisão de qualquer vida a ideologias, filosofias e totalitarismos destruidores que, como a História nos mostra,  aniquilaram vidas dizendo que elas não eram dignas de serem vividas”.
“A vida é dom de Deus, portanto, como tal, deve ser respeitada”, frisou.

ACI Digital também consultou ao prelado sua opinião sobre determinadas atuações do STF extrapolando seu papel de guardião da Constituição e atuando como legislador.

Para esclarecer melhor este importante assunto, perguntamos a Dom Fernando:
“No caso da ADPF 54, contrariando a esmagadora maioria da população brasileira, o STF parece pender pela despenalização do aborto. Como o senhor vê essa postura do Supremo?”

Em sua resposta, o bispo disse à nossa agência: “Como cidadão brasileiro eu vejo que uma democracia existe na divisão dos Três Poderes e no respeito às atribuições e às competências de cada um deles. É na harmonia dos Poderes Judiciário, Legislativo e Executivo que reside o Estado de Direito. É interessante notar que, em relação ao aborto, a grandíssima maioria da população brasileira já se manifestou, por diversas vezes, de forma contundentemente contrária. Por isso, no Parlamento não se consegue fazer passar uma lei mais favorável ao aborto. Os parlamentares, que dependem do voto da população, sabem que os brasileiros, na sua grande maioria, são contrários à legalização do aborto”.

“A mim, como cidadão brasileiro, me surpreende que, passando à margem do Parlamento, tenhamos uma lei, um marco legislativo que vem de um julgamento em nível judiciário”, complementou.

Por último, Dom Fernando também aproveitou a ocasião para enviar uma mensagem aos brasileiros e aos ministros do STF:

“Eu me dirijo a todos os brasileiros, de modo especial aos católicos, que está na hora de, no respeito às instituições do país, mas também no direito que temos enquanto cidadãos de manifestar nossa opinião e de manifestar nosso parecer, de nos mobilizarmos, de manifestar nossa contrariedade e fazê-las chegar junto aos políticos que elegemos, para que se defenda o pensamento e a sensibilidade da maioria do povo brasileiro”.

“Me dirijo também aos excelentíssimos membros do Supremo Tribunal para que pensem na sua enorme responsabilidade e que tenham a sensibilidade de perceber o grande coração brasileiro, contrário a uma lei que favoreça o aborto”.

“Nós, como cristãos, precisamos manifestar com clareza, com firmeza e com coragem a nossa convicção em favor da vida humana em todas as formas em que ela se manifesta. Essa vida é dada por Deus e só Deus pode dispor dela”, concluiu o bispo de Garanhuns em sua entrevista exclusiva a ACI Digital.

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