WASHINGTON DC, 4 de jul de 2012 às 12:05
Um ex-funcionario do departamento de Serviços de Saúde e Humanos dos Estados Unidos (HHS por sua sigla em inglês) indicou que ao promover o aborto como parte de seu trabalho contra o tráfico de pessoas, o governo de Barack Obama estaria, inadvertidamente, promovendo a escravidão sexual.
Em diálogo com o grupo ACI, Steven Wagner, presidente do Renewal Forum e ex-diretor do programa contra tráfico de pessoas do HHS entre 2003 e 2006, qualificou a política atual deste departamento como "totalmente inapropriada", pois não favorece as vítimas da escravidão sexual mas aqueles que lucram com ela.
Wagner explicou que os traficantes querem acesso fácil ao aborto e à anticoncepção "para proteger o potencial de produção de dinheiro de suas vítimas".
O presidente do Renewal Forum assinalou que se uma prostituta ficar grávida, "eles a levarão ao Planned Parenthood para que ela aborte", pois assim a mulher poderá retornar ao trabalho sexual o antes possível.
Em um editorial publicado no último 24 de junho, Wagner criticou que a atual política do HHS requeira que as instituições que recebem subvenções do ministério de saúde norte-americano tenham que oferecer uma "gama completa de serviços reprodutivos".
Para Wagner, cujo trabalho atual se enfoca no tema do tráfico de pessoas, a meta do Departamento de Estado de deter a escravidão sexual e o tráfico de pessoas é incoerente com a política do HHS de exigir que o governo facilite o acesso das vítimas desta atividade ao aborto e à anticoncepção.
A atual política do HHS sobre "serviços reprodutivos" ocasionou que, no ano passado, o trabalho contra o tráfico de pessoas que realizavam os bispos do EUA perca financiamento. O programa episcopal gozava de altas qualificações e uma excelente reputação, mas a subvenção federal para o programa foi negada por recusar-se recomendar serviços considerados contrários à moral católica como o aborto.
Os bispos argumentaram que sua política é um assunto de consciência. De acordo a Wagner, a política episcopal também estava de acordo com os interesses das vítimas de tráfico de pessoas.
Segundo Wagner, inclusive aqueles que aceitam o aborto e a anticoncepção como algo moral, reconhecem o problema de derivar os escravizados no tráfico sexual a abortuarios.
Wagner indicou que "esse um princípio básico na legislação americana e na ética médica. Não realizamos procedimentos em pessoas que não estão de acordo com eles".
"Quando qualquer pessoa, e particularmente uma jovem, está na posição de ser vítima de tráfico, então, por definição, não se pode dar um consentimento informado", explicou, pois "estão sob o controle de uma pessoa, cujo interesse é a realização do procedimento (do aborto)".
O presidente do Renewal Forum assinalou que o uso do aborto não pode ser considerado como o tipo de livre escolha prevista pela lei e a ética médica, pois o traficante "está buscando de que sua vítima ‘retorne à rua’ apenas seja possível".
O caso se complica mais, disse, pela difusão de uma série imagens em 2011, nas que se expõe a aparente diligencia de empregados do Planned Parenthood para encobrir casos de suposto tráfico de pessoas. As imagens tiradas de forma escondida mostravam empregados de vários escritórios da organização abortista "dispostos, ansiosos, por facilitar" o objetivo dos traficantes.
A mesma exposição advertiu que os empregados da Planned Parenthood "não cumpriram os requerimentos legais de informar o queé evidentemente um caso de crime de abuso sexual de uma menor".
Para Wagner, as vítimas de escravidão sexual devem ser mantidas "o mais longe possível das clínicas da Planned Parenthood".
O perito assinalou que, mais que remetê-los a fornecedores de aborto e anticoncepção, as pessoas forçadas ao trabalho sexual devem ser levados a um "fornecedor de serviços dedicado", preferivelmente uma pessoa sobrevivente da prostituição, para "tomar decisões que respondam melhor às necessidades da vítima".
"Não há caso algum em que seja apropriado manter alguém em uma condição de permanecer sendo vítima de tráfico", observou Wagner e acrescentou que "A única resposta é tirá-los (dessa condição)".
Wagner sublinhou que "qualquer organização, como a Planned Parenthood, que não queira colaborar no resgate da vítima, realmente não tem nenhum papel a desempenhar na sociedade".