VATICANO, 26 de jul de 2012 às 17:23
Um sacerdote americano que atualmente está treinando para ser exorcista na diocese de Roma (Itália), assegurou que o diabo e os demônios em geral odeiam a família porque esta é “uma imagem da Santíssima Trindade”.
Em entrevista concedida ao grupo ACI, o presbítero, que preferiu manter-se no anonimato, assinalou que entre os fatores comuns que encontra nas pessoas possuídas vê pessoas com “profundas feridas em suas vidas e sobre tudo, na sua família”.
O sacerdote indicou que o demônio facilmente tem acesso a famílias onde “os pais fizeram escolhas realmente más”, e ao obrar assim “convidaram influências malignas ao interior do seu lar”.
As más ações que atraem o demônio aos lares são “a infidelidade conjugal, o aborto, ou fazer coisas que desunem a família”, assinalou.
O presbítero admitiu que nunca pensou em dedicar-se ao exorcismo, mas um inesperado acontecimento em uma de suas primeiras Missas após sua ordenação, conferida 15 anos atrás, marcou o início de sua aproximação a este trabalho sacerdotal.
“No momento da consagração do sangue precioso, pedi ao Senhor que derrame seu sangue sobre a juventude e ajude a todos os jovens varões que poderiam ter vocação ao sacerdócio”, recordou.
A reação foi instantânea de um jovem de 13 anos surpreendeu o jovem sacerdote. “Ele caiu de costas e começou a grunhir. Eu pensei ‘Isto não era o que eu esperava!’”.
Muitos anos depois, ele é parte de uma nova geração de exorcistas em formação nos Estados Unidos, logo depois que os bispos do país decidissem, em novembro de 2010, aumentar o número de exorcistas nas dioceses do país.
Apesar de que a lei canônica estipula que cada diocese deveria contar com um exorcista, estima-se que não existem mais de 50 sacerdotes dedicados a este trabalho nos Estados Unidos.
O sacerdote, originário do nordeste dos Estados Unidos, explicou ao grupo ACI que “nós nos organizamos para assegurar que os que mais necessitem desta ajuda a obtenham”.
Durante sua estadia em Roma, onde foi enviado por seu bispo para aprender do trabalho de seis exorcistas oficiais dessa diocese, o sacerdote está “envolvido” em uma média de três exorcismos por dia.
“Não há dois casos parecidos. Este foi um verdadeiro aprendizado para mim. O rito do exorcismo não é uma fórmula mágica”, disse.
O sacerdote assinalou que “não é o demônio ou o exorcista quem está ao centro disto, mas uma pessoa que está sofrendo muito e que necessita de libertação certeira através de Cristo”.
O presbítero explicou que, em relação à correta terminologia, “demônio vem do grego, diabo do latim, qualquer um desses nomes estão bem” para designar Satanás. O exorcista combate, “anjos caídos que foram criados bons”, explicou.
Os primeiros Padres da Igreja, entre eles São Jerônimo e Santo Agostinho, especularam que estes anjos se rebelaram “pela revelação do plano de Deus da encarnação” e sua “repulsão à idéia de que Deus, que é espírito puro e infinito, tivesse que fazer-se homem”.
Por esta razão, o sacerdote indicou que os demônios têm uma “fascinação com o físico” e por “fazer que as pessoas sofram”.
“Uma vez que o rito inicia, normalmente (o demônio) começa-se a manifestar na pessoa, que sofre de diferentes maneiras, com violência, mudanças no rosto, mudança da voz, é diferente”, disse o padre recordando recentes exorcismos.
O sacerdote assegurou que o demônio “só quer intimidar, mas basicamente é preciso ignorá-lo e dizer ‘ouça, eu sou quem dá as ordens aqui”.
A inteligência angélica do demônio, disse o padre na sua entrevista ao grupo ACI, também implica que eles sabem que Deus só permite suas atividades diabólicas para levar a salvação a pessoas através de um “sofrimento expiatório”.
“Estas pessoas que sofrem estão se santificando ao oferecer seus sacrifícios”, que Deus então recebe e “abençoa a grande parte da Igreja em todo mundo”.
O sacerdote afirmou que “quando recorda isso ao diabo, ele fica furioso”, porque sabe que está perdendo, e portanto “quer conseguir o que puder, enquanto pode. Se não puder ganhar as almas destas pessoas, quer ao menos fazer suas vidas miseráveis”.
O presbítero americano indicou que quando fala com o demônio faz “uma série de perguntas: ‘qual é seu nome?’, já que quando usa seu nome em uma ordem, isso o debilita”. Uma vez que o demônio diz seu nome, o exorcista lhe ordena “sair”, e também lhe poderia perguntar “como entrou e quando vai sair”.
“(Ao responder a) este último é como se eles tivessem sido treinados para dizer o mesmo, ‘nunca sairei’, mas eventualmente o farão”.
A chave é limitar o diálogo, disse o aprendiz de exorcista. “Não se deve fazer perguntas só por curiosidade, isso não é saudável”, sublinhou.
Também é possível “dizer coisas para humilhar o demônio”, tais como invocar a presença de Santos, dos anjos da guarda e, a mais “temida” de todas, a da Virgem Maria. Então é “realmente possível ver uma mudança no comportamento do demônio”.
O final vem freqüentemente quando o diabo começa a mostrar arranques de ira e violência, e é “comum que expulse espuma pela boca”.
No caso da quebra de uma maldição, a pessoa “começará a vomitar objetos que foram usados na maldição. O vômito fica verde, logo vermelho, e outra vez verde”.
Então, o exorcista sabe que “estou tocando fundo, que isto está sendo realmente eficaz e esses são bons sinais. Não é algo prazenteiro de ver, mas você sabe que ‘eu estou sendo efetivo aqui’”.