WASHINGTON DC, 9 de jan de 2013 às 13:12
Uma petição online que solicita à Casa Branca considerar à Igreja Católica como um "grupo de ódio" por sua perspectiva sobre o matrimônio, gerou críticas por gerar hostilidade para com os fiéis.
Em declarações ao grupo ACI, Peter Sprigg, membro do departamento de estudos políticos do Family Research Council, em Washington D.C. (Estados Unidos), assinalou que a petição revela uma "agenda subjacente" que não é simplesmente acautelar crimes violentos, mas "estigmatizar toda desaprovação da agenda homossexual e essencialmente nos silenciar".
Sprigg explicou que a solicitação de etiquetar como grupo de ódio às organizações que se opõem moralmente a redefinir o matrimônio, é simplesmente um "insulto desenhado para tirar-nos do debate público".
Iniciada no Natal, a petição na página Web da Casa Branca compilou até a data 2396 assinaturas.
A petição, que tem como meta conseguir 25000 assinaturas para o dia 24 de janeiro deste ano, argumenta que o Papa Bento XVI em sua mensagem de Natal de 2012 dirigida ao Colégio de Cardeais "degradou e desprezou as pessoas homossexuais de todo o mundo".
"Usando linguagem de ódio e observações discriminatórias, o Papa pintou um retrato no que os homossexuais são cidadãos de segunda categoria mundial", alega a solicitação de assinaturas.
"O Papa Bento disse que as pessoas homossexuais que começam famílias estão ameaçando à sociedade, e que os pais homossexuais tiram a dignidade das crianças", diz a petição. "O Papa também disse que as famílias "gay" são sub-humanas, já que não são dignas aos olhos de Deus".
A coleta de assinaturas pede ao governo de Barack Obama identificar à Igreja Católica como um grupo de ódio, de acordo à definição da Southern Poverty Law Center e da Liga Anti Difamação.
Entretanto, Peter Sprigg assinalou que essa petição "distorce" as palavras do Papa, que realmente não incluiu linguagem discriminatória ou que incite ao ódio.
Em sua mensagem aos Cardeais, o Papa não se referiu diretamente ao "matrimônio gay" ou a "homossexualidade", em absoluto. Em vez disso, o Papa defendeu os ensinamentos da Igreja sobre a sexualidade e "a verdadeira estrutura da família, composta por um pai, mãe, e prole".
O Santo Padre criticou a noção moderna do sexo como "um rol social que escolhemos por nossa conta", em vez de "um elemento dado naturalmente" e a "identidade corporal, que nos serve como um elemento determinante do ser humano".
"A complementariedade do homem e da mulher é parte da essência da criatura humana" e é fundamental à natureza do ser humano e da família, explicou o Papa.
Sprigg assinalou que a petição é enganosa e tem "claramente um propósito político".
"O governo federal não designa grupos de ódio, persegue crimes de ódio", indicou, explicando que deve fazer uma clara distinção entre a oposição moral aos atos homossexuais e os crimes violentos contra pessoas homossexuais.
Etiquetar como o faz a petição pode ser perigoso, disse Sprigg. Ironicamente, a etiqueta de grupo de ódio pode realmente criar ódio para o grupo designado, explicou.
Sprigg recordou um incidente ocorrido em agosto do ano passado, no qual um homem gay de 28 anos entrou nos escritórios do Family Research Council, fez comentários sobre discrepar com a política da organização e logo abriu fogo, disparando a um guarda de segurança.
Previamente, Family Research Council tinha sido etiquetado como um "grupo de ódio" pelo Southern Poverty Law Center.
Tony Perkins, presidente do Family Research Council, disse que nesse momento a perigosa etiqueta pôde ter levado a que o homem armado justifique o tiroteio.
Sprigg reiterou esta ideia, sublinhando a importância de permitir às pessoas expressar seus distintos pontos de vista pacificamente em uma democracia.
Sugerir que organizações como a Igreja Católica e o Family Research Council são grupos de ódio simplesmente por suas ideias sobre a sexualidade humana, promove "um perigoso equívoco", disse.