Um conotado médico espanhol explicou que a mídia informou sobre o suposto apoio do Arcebispo de Colônia (Alemanha), Cardeal Joachim Meisner, à utilização da pílula do dia seguinte em casos de estupro, resultaram na relidade em uma manipulação de suas declarações, somada à informação imprecisa por parte de alguns investigadores.

"Parece que as palavras do Cardeal foram manipuladas", disse ao grupo ACI o doutor José Maria Simón Castellví, Presidente da Federação Mundial de Associações Médicas Católicas e membro do Pontifício Conselho para os Agentes da Pastoral da Saúde.

"Em todo caso, a pílula do dia seguinte tem um efeito antiimplantatorio (que impede a implantação do embrião no útero materno) em 70 por cento dos casos em que a mulher é fértil", explicou o médico.

O Cardeal Joachim Meisner fez parte de uma discussão pública sobre a pílula do dia seguinte logo depois de conhecer o caso, difundido pela imprensa local, de uma jovem de 25 anos que chegou a uma sala de emergência e contou ao médico de plantão que achava que a haviam drogado e estuprado em uma festa na noite anterior.

O doutor, Irmgard Maiworm, contou que ligou para dois hospitais católicos próximos para perguntar se poderiam atender a jovem. O médico indicou que ambos se negaram a atendê-la porque nesses casos o tratamento obriga a usar a pílula do dia seguinte, conhecida também como "anticoncepção oral de emergência".

O público alemão reagiu fortemente ante as notícias sobre o incidente e o Cardeal Meisner ofereceu uma desculpa no dia 22 de janeiro dizendo que era vergonhoso que dois hospitais católicos se negassem a atender a uma vítima de estupro.

O Cardeal se reuniu logo com um grupo de peritos médicos com os quais conversou sobre a pílula do dia seguinte. Os doutores lhe disseram que o fármaco não possui efeitos antiimplantatórios.

Depois da reunião de 31 de janeiro o Cardeal Meisner emitiu uma declaração na qual assinalou que "se um remédio que evita a concepção é usado logo depois de um estupro com o propósito de evitar a fertilização, então isso em minha opinião é aceitável".

A declaração foi então amplamente interpretada pela imprensa como uma "permissão" para que os hospitais católicos distribuam o fármaco entre vítimas de estupro.

O estudo apresentado ao Cardeal foi realizado, entre outros, por Kristina Gemzell-Danielsson, quem reconhece ao final do mesmo que "serviu nos Diretórios de Assessores Médicos do HRA- Pharma e Bayer em assuntos relacionados à anticoncepção de emergência".
O Dr. Simon disse ao grupo ACI que os fabricantes da pílula do dia seguinte reconhecem que o fármaco impede a implantação do embrião no útero. "Então não podemos aceitá-lo, dado que mesmo um embrião humano microscópico é uma pessoa com direitos, dignidade e é um filho de Deus", assegurou.

Os Bispos alemães se reunirão dentro de duas semanas para sua assembleia plenária e tratarão o tema.

A Pílula do Dia Seguinte (Levonorgestrel 0.75 mg), também conhecida como anticoncepção oral de emergência ou AOE, é um hormônio sintético em dose 5 a 15 vezes maior à existente nos anticoncepcionais comuns, incrementando os efeitos secundários. Não é um medicamento nem uma vacina. Não cura nem previne enfermidade alguma. Ao ingerir as duas pastilhas recomendadas é como se a mulher tomasse 50 pastilhas anticoncepcionais juntas.

Esta pílula tem três mecanismos: impede a ovulação (anovulatório), espessa a mucosidade cervical (anticoncepcional) e impede a anidaçào do óvulo fecundado (o que a torna um abortivo). Estes mecanismos são informados pela Food and Drug Administration (FDA), o organismo governamental dos EUA que garante a salubridade dos mantimentos e remédios nos Estados Unidos.

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