O Dr. Brian Clowes, diretor de educação e investigação do Human Life International, uma das mais importantes organizações pró-vida e pró-família no mundo, criticou a recente oferta de 100 mil dólares feita por Bill Gates a quem desenvolve "a camisinha da próxima geração" e assegurou que dificilmente este concurso diminuirá as taxas de enfermidades de transmissão sexual no mundo.

No último dia 26 de março, Bill Gates, fundador da empresa de software Microsoft e um dos homens mais ricos do mundo, ofereceu através da Fundação Bill e Melinda Gates um prêmio de 100 mil dólares para "modernizar" o que eles consideram uma "ferramenta que salva vidas".

"Você pode inventar uma camisinha melhor? Um desafio de 100 mil dólares para modernizar uma ferramenta que salvas vidas", publicou Gates no Twitter, em 26 de março.

A fundação Gates explica que o que procuram com seu prêmio é conseguir "uma camisinha da próxima geração que preserve ou aumente significativamente o prazer, com o fim de melhorar seu consumo e uso regular".

Entretanto, o Dr. Brian Clowes indicou que do ponto de vista da saúde pública, "é improvável que atinja o fim desejado ou a diminuição nas taxas de enfermidades de transmissão sexual".

Depois de tudo, disse, "a maioria dos outros fabricantes de camisinhas já dedicaram milhares de horas de investigação para fazer camisinhas que sejam mais confiáveis e têm outras características destinadas a incrementar o uso, e apesar disso ainda vemos altas taxas do HIV/AIDS e outras enfermidades onde as camisinhas são promovidas e de fácil acesso".

O perito advertiu que o "principal problema com respeito à epidemia da AIDS não são as camisinhas inseguras –embora seja importante assinalar a alta taxa de falha das camisinhas– mas sim as condutas arriscadas".

"A única nação africana que diminuiu significativamente suas taxas de infecção do HIV em adultos é Uganda, e o fez a inícios da década de 1990, enfatizando a fidelidade e a monogamia, não o uso da camisinha", recordou.

Infelizmente, denunciou o cientista, "a inícios de 2002 os promotores das camisinhas conseguiram retornar a Uganda, e a taxa de AIDS está novamente crescendo. Em 2009, ocupou o 10 lugar a nível mundial de países com as maiores taxas de AIDS no mundo".

"É importante notar que as nações africanas com maiorias de católicos e muçulmanos (religiões que ensinam firmemente contra condutas sexuais arriscadas) têm as taxas mais baixas de infecções do HIV em adultos em todo o continente", disse o perito.

Por exemplo, assinalou o Dr. Brian Clowes, nações do norte da África, que têm populações muçulmanas grandes, têm taxas de infecção menores de um em mil habitantes. Pelo contrário, as nações que têm menos do 30 por certo de população muçulmana e católica, como Suazilandia, Namibia, Zimbabue,Liberia e África do Sul têm em média uma taxa de 1 em cada seis adultos infectados com o HIV.

"Quando a epidemia da AIDS esteve em alta na Tailândia na década de 1980, esse país embarcou imediatamente em um programa estatal de encher o país com camisinhas", recordou.

"Os últimos registros mostram que Tailândia tem bastante mais de meio milhão de adultos vivendo com o HIV/AIDS e uma taxa de infecção de 1.3 por cento, o que lhe dá a taxa de HIV mais alta do sudeste asiático", assinalou.

O Dr. Clowes indicou que, a diferença da Tailândia, o governo das Filipinas informou "às pessoas sobre a alta taxa de falhas das camisinhas e desaconselhou firmemente seu uso".

"Filipinas tem atualmente menos de 9 mil adultos vivendo com o HIV/AIDS, e uma taxa de infecção em adultos de só 1 em mil".

Em outras palavras, disse o cientista, "a Tailândia cheia de camisinhas tem uma taxa de infecção em adultos 13 vezes mais alta que a de Filipinas".

"Infelizmente, com a aprovação do projeto de lei ‘RH’ em dezembro do ano passado, que promove a camisinha, podemos esperar ver um incremento das taxas de AIDS nas Filipinas, tal como o vimos na Uganda, onde os ‘peritos’ em desenvolvimento conseguiram converter uma história de êxito em uma crescente tragédia", lamentou.

O diretor de educação e investigação do Human Life International indicou que 22 estudos importantes de mais de 40 mil camisinhas usadas durante relações sexuais de pessoas heterossexuais mostraram que as camisinhas se romperam ou rasgaram em 4.6 por cento das vezes, e saíram em média 2.5 por cento das vezes, dando um total de taxa de falha de 7.1 por cento, ou um em cada 14 usos".

"Os defensores do método da ‘primeira camisinha’ para a prevenção da AIDS culpam disto à promoção insuficiente das camisinhas, ignorando tanto a história de centenas de milhões gastos em promoção de camisinhas e o enfoque orientado à conduta dos países vizinhos com taxas muito mais baixas", assinalou.

Para o Dr. Clowes, "possivelmente o Sr. Gates entenderia melhor o problema em uma linguagem informática: Apesar dos muitos milhões de dólares gastos em investigação, não há ainda algo como uma camisinha ‘bug-free’ (‘sem erros’)".

"E se acontecer um ‘erro’ enquanto se usa uma camisinha, as consequências são muito mais sérias que aquelas resolvidas simplesmente reiniciando ou levando o seu laptop à loja local de reparação de computadores para um diagnóstico", disse.

Apesar de uma possível intenção nobre na proposta de Gates, a trivialidade de sua proposta, disse Clowes, expõe a uma indústria "que vê os pobres nas nações em desenvolvimento mais como um problema a ser resolvido que como um recurso a ser honrado e ajudado a florescer".