ROMA, 24 de abr de 2013 às 10:30
Autoridades do Vaticano indicaram nesta terça-feira que a causa de beatificação do Arcebispo de São Salvador (El Salvador), Dom Oscar Arnulfo Romero, não foi "desbloqueada" porque nunca esteve bloqueada.
Nesta segunda-feira a agência espanhola Efe publicou uma nota em que se destaca, citando os meios locais, que o Presidente do Pontifício Conselho para a Família, Dom Vicenzo Paglia, anunciou o "desbloqueio" da causa de beatificação de Dom Romero, durante uma Missa, realizada na localidade de Molfetta em Bari, Itália, pelos 20 anos da morte de outro Bispo, Dom Tonino Bello, presidente da organização Pax Christi.
Segundo a Efe, Dom Paglia disse na Missa que "hoje, dia da morte do bispo Tonino Bello, ficou desbloqueada a causa de beatificação de Dom Romero. Posso dizer de novo que estes dois mártires nos ajudam a viver".
Entretanto, diversas fontes na Santa Sé assinalaram ao grupo ACI que a implicação de que a causa do Arcebispo, assassinado enquanto celebrava a Santa Missa em 24 de março de 1980, teria estado "bloqueada" sob o pontificado do Papa Bento XVI não corresponde à realidade.
Em efeito, o Papa, na conferência de imprensa durante o voo ao Brasil em sua viagem do ano 2007, assinalou sobre esta causa que "segundo as últimas informações sobre o trabalho da Congregação competente, muitos casos estão sendo estudados e sei que continuam seu curso. Sua excelência Dom Paglia me enviou uma biografia importante, que esclarece muitos pontos da questão".
"Certamente, Dom Romero foi uma grande testemunha da fé, um homem de grande virtude cristã, que se comprometeu em favor da paz e contra a ditadura, e que foi assassinado durante a celebração da Missa, portanto, uma morte verdadeiramente ‘acreditável’, de testemunho da fé".
O Santo Padre disse também que "havia o problema de que uma parte política queria tomá-lo injustamente para si como bandeira, como figura emblemática. Como pôr manifestar adequadamente sua figura, protegendo-a dessas tentativas de instrumentalização? Este é o problema. Está sendo examinado e eu espero com confiança o que diga a respeito a Congregação para as Causas dos Santos".
Paradoxalmente, a pessoa citada pelo Papa Bento naquela entrevista de 2007 durante a viagem ao Brasil é o mesmo Dom Paglia, que então era bispo do Terni-Narni-Amelia na Itália.
Dom Paglia é o primeiro Bispo do movimento italiano de São Egidio, que há décadas escolheu Dom Romero como seu emblema e veio impulsionando sua causa de beatificação.