VATICANO, 10 de mai de 2013 às 15:11
A visita do Patriarca Tawadros II, líder da Igreja Copta Ortodoxa do Egito, "fortalece os laços de amizade e fraternidade que já unem a Sé de Pedro e a Sé de Marcos, herdeira de um legado inestimável de mártires, teólogos, santos, monges e discípulos fiéis de Cristo, que por gerações testemunharam o Evangelho, muitas vezes em situações de grandes dificuldades", disse o Papa Francisco ao recebê-lo nesta manhã no Vaticano.
O Pontífice recordou o memorável encontro que aconteceu há quarenta anos entre os predecessores de ambos, o Papa Paulo VI e o Papa Shenouda III, que os uniu "em um abraço de paz e fraternidade depois de séculos de recíproca distância".
A Declaração Comum assinada então pelos dois Papas representou "um marco no caminho ecumênico" e graças a ela se instituiu uma comissão de diálogo teológico entre ambas as Igrejas, que deu bons resultados e preparou o terreno para o diálogo mais amplo entre a Igreja Católica e toda a família das Igrejas ortodoxas orientais, que continua até nossos dias.
O Papa Francisco disse que "nessa declaração solene, nossas Igrejas professaram, em consonância com a tradição apostólica ‘uma única fé em Deus uno e trino’ e a ‘divindade do único Filho encarnado de Deus [...] Deus perfeito em relação à Sua divindade e perfeito homem em relação à Sua humanidade’. Reconheceram que a vida divina nos é dada e alimentada através dos sete sacramentos e se sentiram ligadas à veneração comum à Mãe de Deus".
O Santo Padre manifestou sua alegria porque uma e outra Igreja se reconhecem "unidas pelo único batismo, do qual é expressão especial a nossa oração comum, que anseia pelo dia em que, cumprido o desejo do Senhor, poderemos comungar em um único cálice".
"Conscientes de que o caminho pela frente possa ainda ser longo, mas não queremos esquecer a longa estrada já percorrida, que resultou em momentos brilhantes de comunhão, entre os quais eu gostaria de lembrar a reunião em fevereiro de 2000, no Cairo, entre o Papa Shenouda III e o Beato João Paulo II, peregrino, durante o Grande Jubileu, nos locais de origem da nossa fé. Estou convencido de que, com a orientação do Espírito Santo, a nossa oração perseverante, o nosso diálogo e a vontade de construir dia-a-dia a comunhão no amor mútuo nos permitirão trazer novos e importantes passos rumo à plena unidade".
O Papa agradeceu também ao Patriarca sua atenção com a Igreja Copta Católica que se traduziu, entre outras coisas na instituição de um "Conselho Nacional das Igrejas Cristãs", "sinal importante da vontade de todos os que crêem em Cristo para desenvolver na vida cotidiana relações sempre mais fraternas e estar a serviço de toda a sociedade egípcia, da qual é parte integrante".
"Saiba, Sua Santidade, que seu esforço em favor da comunhão entre os credentes em Cristo, assim como Seu interesse vigilante pelo bem de seu país e pelo papel das comunidades cristãs na sociedade egípcia, encontram um eco profundo no coração do Sucessor de Pedro e toda a comunidade católica".
"Se um membro sofre, todos sofrem juntos, e se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele".
Francisco disse logo que "é uma lei da vida cristã e, nesse sentido, podemos dizer que existe também um ecumenismo do sofrimento: como o sangue dos mártires foi semente de força e fertilidade para a Igreja, assim a partilha do sofrimento diário pode tornar-se um instrumento eficaz de unidade".
"Isso é verdade, de certa forma, também no contexto mais amplo da sociedade e na relação entre cristãos e não-cristãos: do sofrimento comum, pode de fato germinar, com a ajuda de Deus, perdão, reconciliação e paz", concluiu o Pontífice invocando a proteção comum de São Pedro apóstolo e São Marcos Evangelista.