VATICANO, 29 de mai de 2013 às 07:22
Na homilia da Missa que celebrou na manhã de ontem na Casa Santa Marta, o Papa Francisco disse que "quando tudo é lindo", alguma coisa está errada na vida cristã; e destacou que o anúncio de Jesus chega aos ossos, ao coração, e nos transforma; algo que o mundo não tolera e pelo qual começam as perseguições contra os cristãos, que com essa cruz nunca estão sozinhos porque o Senhor sempre acompanha.
O Santo Padre fez esta reflexão meditando no Evangelho em que São Pedro pergunta ao Senhor pela que recompensa que receberá por segui-lo. Jesus, observou o Papa, responde que aqueles que o seguirão terão "tantas coisas belas" mas "com perseguição".
O caminho do Senhor, continuou, "é um caminho de ‘rebaixamento’, um caminho que termina na Cruz". Eis aqui o porquê, adicionou, "sempre haverá dificuldades e perseguições". Existirão sempre, "porque Ele seguiu este caminho antes" de nós.
O Santo Padre fez notar que "quando um cristão não tem dificuldades na vida –tudo vai bem, tudo é lindo– alguma coisa está errada". Pode-se pensar que seja "muito amigo do espírito do mundo, da mundanidade". E esta, constatou, "é a tentação própria de um cristão".
"Seguir Jesus sim, mas só até certo ponto; seguir Jesus como uma forma cultural: sou cristão, tenho esta cultura… Mas sem a exigência do verdadeiro seguimento de Jesus, a exigência de ir pelo seu caminho. Quem segue Jesus como um projeto cultural, usa este caminho para subir na vida, para ter mais poder. E a história da Igreja está cheia disto, começando por alguns imperadores e depois tantos governantes e tantas outras pessoas. E também alguns -não muitos, mas alguns- sacerdotes e bispos, né? Alguns dizem que são muitos… Alguns pensam que seguir Jesus é fazer carreira".
O Papa recordou que tempos atrás, "na literatura de faz dois séculos", às vezes se costumava dizer que um "menino queria fazer carreira eclesiástica". E ressaltou que "tantos cristãos, tentados pelo espírito do mundo, pensam que seguir Jesus é bom porque se pode fazer carreira e subir na vida".
Mas este "não é o espírito" e é, por sua vez, a atitude de Pedro que fala de carreira e Jesus lhe responde: "Sim, te darei tudo com perseguição". "Não se pode tirar a Cruz do caminho de Jesus: está sempre". Mas o Papa também precisou que isto não quer dizer que o cristão deve fazer dano a si mesmo. O cristão "segue Jesus por amor e quando se segue Jesus por amor, a inveja do diabo faz tantas coisas". O "espírito do mundo não tolera isto, não tolera o testemunho":
"Pensem na Madre Teresa: o que o espírito do mundo diz sobre a Madre Teresa? ‘Ah, a Beata Teresa era uma mulher boa, fez tantas coisas boas pelos outros…’. O espírito do mundo nunca diz que a Beata Teresa, todos os dias, por tantas horas, permanecia em adoração… Nunca! Reduz a atividade cristã ao bem social. Como se a existência cristã fosse um verniz, uma pátina de cristianismo".
"O anúncio de Jesus não é uma pátina: o anúncio de Jesus chega aos ossos, ao coração, vai até dentro de nós e nos transforma. Isso o espírito mundano não tolera e ai acontecem as perseguições", ressaltou.
Quem deixa a própria casa, a própria família para seguir Jesus, notou o Bispo de Roma, recebe cem vezes mais "já agora neste tempo". Cem vezes junto às perseguições. E isto não pode ser esquecido.
O Papa Francisco concluiu assegurando que "o seguimento de Jesus é justamente isto: ir com Ele por amor, atrás dele: no mesmo caminho. E o espírito do mundo será aquele que não o tolerará e nos fará sofrer, mas um sofrimento como aquele de Jesus. Peçamos esta graça: seguir Jesus pelo caminho que Ele nos fez ver e nos ensinou. Isto é belo, porque nunca nos deixa sozinhos. Nunca! Está sempre conosco. Assim seja".