VATICANO, 4 de jun de 2013 às 09:10
Ao concluir a Missa pelo 50º aniversário da morte do Beato João XXIII na Basílica de São Pedro, que foi presidida pelo Bispo de Bérgamo (Itália), Dom Francesco Beschi, o Papa Francisco saudou os assistentes e lhes indicou que a raiz da santidade de seu predecessor se encontra em "sua obediência evangélica".
O Santo Padre assinalou que João XXIII "era um homem de governo, era um condutor, mas um condutor conduzido pelo Espírito Santo, pela obediência". "Ainda mais profundamente, mediante este abandono cotidiano à vontade de Deus, o futuro Papa João viveu uma purificação que lhe permitiu se distanciar completamente de si mesmo e aderir a Cristo, deixando emergir a santidade que a Igreja depois oficialmente reconheceu".
O Papa recordou que faz 50 anos faleceu o Beato João XXIII. Quem "como eu, tem uma certa idade, tem uma lembrança viva da comoção que se espalhou por todo o mundo naqueles dias: a Praça de São Pedro tornou-se um santuário a céu aberto, recebendo dia e noite os fiéis de todas as idades e condições sociais, apreensivos e em oração pela saúde do Papa", recordou.
"O mundo inteiro tinha reconhecido no Papa João um pastor e pai. Pastor porque era pai. O que fez com que fosse reconhecido desta forma? Como tinha conseguido chegar ao coração de pessoas tão diferentes, inclusive de muitos não cristãos? Para responder a essa pergunta, podemos nos referir ao seu lema episcopal, Oboedientia et pax: obediência e paz".
Francisco recordou que "Angelo Roncalli era um homem capaz de transmitir a paz, uma paz natural, serena e cordial. Uma paz que com sua eleição ao Pontificado manifestou-se ao mundo inteiro e recebeu o nome da bondade. É tão belo encontrar um sacerdote, um padre bom, com bondade".
"Na realidade, o Papa João transmitia paz porque tinha um ânimo profundamente pacificado. Ele tinha se deixado pacificar pelo Espírito Santo. E este ânimo pacificado foi fruto de um longo e comprometido trabalho sobre si mesmo, trabalho que ficou bem registrado no Diário da Alma".
O Santo Padre assinalou também que "se a paz foi a característica exterior, a obediência foi para Roncalli a disposição interior. A obediência, na realidade, foi o instrumento para alcançar a paz".
"Acima de tudo essa obediência teve um sentido muito simples e concreto: desempenhar na Igreja o serviço que os superiores lhes pediam, sem buscar nada para si, sem fugir de tudo o que lhe era pedido. Um gesto que, segundo o Papa, significou para ele deixar sua terra, confrontar-se com mundos desconhecidos e permanecer por longos anos em lugares onde a presença de católicos era muito escassa".
Francisco sublinhou que "este deixar-se conduzir, como uma criança, construiu seu percurso sacerdotal que vocês bem conhecem, de secretário de Dom Radini Tedeschi, padre espiritual no Seminário diocesano, a Representante Pontifício na Bulgária, Turquia e Grécia, França, até Pastor da Igreja veneziana e finalmente Bispo de Roma".
"Através desta obediência, o sacerdote e bispo Roncalli viveu também uma fidelidade mais profunda, que poderemos definir, como ele teria dito, abandono à divina Providência".
O ensinamento para cada um de nós e para a Igreja de nosso tempo, assinalou o Papa, é que "se soubermos deixar-nos conduzir pelo Espírito Santo, se soubermos mortificar nosso egoísmo para dar espaço ao amor do Senhor e sua vontade, então encontraremos a paz, então saberemos ser construtores de paz e difundiremos a paz ao nosso redor".
A cinquenta anos da morte do Beato João XXIII, disse Francisco, "a guia sapiente e paterna do Papa João, seu amor pela tradição da Igreja e a consciência de sua constante necessidade de atualização, a intuição profética da convocação do Concílio Vaticano II e a oferenda da própria vida pelo seu bom término, ficam como pedras miliares na história da Igreja do século XX e como um farol luminoso pelo caminho que nos espera".