ROMA, 13 de set de 2013 às 16:49
O Secretário da Pontifícia Comissão para a América Latina, o leigo Guzmán Carriquiry, destacou os seis meses do Pontificado do Papa Francisco e os considerou como "uma revolução evangélica".
"O Pontificado do Papa Francisco é uma revolução evangélica," disse Carriquiry, neste dia 13 de setembro, dia em que se cumpre meio ano da eleição do atual Pontífice, e indicou que "quando digo revolução evangélica não estou fazendo referência a algum meio de imprensa controlado que pensa que é uma ruptura com toda a grande tradição da Igreja".
Nesse sentido, disse que "é extraordinário como o grande patrimônio de fé da tradição da Igreja vai se comunicando com pontífices tão diversos, que vêm de contextos culturais, sensibilidade espiritual e formação tão diferentes".
"Não obstante há essa grande continuidade, mas se necessitava certamente essa revolução evangélica, esse voltar para a fonte do Evangelho," comentou Carriquiry em uma entrevista com o Grupo ACI.
Indicou que Bento XVI viveu um sofrimento e uma via sacra no seu Pontificado "que de alguma maneira graças a sua renúncia, por meio da Providência de Deus, dá lugar a esta explosão de alegria e esperança do Pontificado de Francisco".
"Digo revolução evangélica no sentido tradicional de uma reforma em capite in membris que o Papa está realizando porque está chamando todos nós, e os pastores, a uma conversão", revelou Carriquiry, que conhece o atual Papa há 48 anos.
A autoridade vaticana indicou que Francisco "não tem necessidade de fazer aos pastores um elenco de responsabilidades", pois "o mostra com o próprio exemplo, mas a todos, até o último fiel". "Está-nos mostrando uma liberdade evangélica extraordinária inclusive frente a formas tradicionais no passar dos tempos no seio da cúria romana", acrescentou, para logo afirmar que o atual Pontificado "é uma extraordinária surpresa de Deus".
"Estamos cheios de estupor pela intensidade e a densidade de acontecimentos eclesiais que vivemos nestes últimos meses," disse o Secretário da Pontifícia Comissão para a América Latina, que já trabalha na Santa Sé há 40 anos, "desde tempos de Paulo VI até o Papa Francisco".
"Alguns me disseram depois de 40 anos no Vaticano, é hora de aposentar-se, mas agora com o Papa Francisco isso é impossível", alegou. "Tenho uma relação, me atreveria a dizer, de amizade com o Papa Francisco há mais de 40 anos". "Mas mais que presumir desse vínculo de amizade, sou como muitos outros um pobre servidor do Pontificado", expressou.
O secretário, que participou de todas as Jornadas Mundiais da Juventude, disse ao Grupo ACI que a realizada no Brasil foi uma das que mais lhe impressionaram, pois houve "uma grande capacidade de comunicação e de afeto entre o Papa e os três milhões de jovens" que participaram.
"O Papa João Paulo II tinha uma capacidade coral de falar com os jovens, mas com o Papa Francisco é como se estivesse falando com cada um de um em um", ressaltou.
"Fiquei impressionado com os silêncios do Rio de Janeiro em Copacabana" disse Carriquiry.
"Quantas vezes o Papa se detém em seu discurso e lhes faz perguntas aos jovens para que as respondam ao Senhor em silêncio?" acrescentou. "E isso é muito chamativo."
O leigo uruguaio explicou que o Papa é "muito direto e muito pessoal" e que "busca comunicar-se de coração a coração". "Nunca se refugia em discursos genéricos ou abstratos e isso é muito importante", destacou.
"As pessoas percebem e se sentem abraçadas por um amor misericordioso, uma misericórdia misteriosa e transbordante" e "por isso as pessoas se sentem atraídas", afirmou.
Nesse sentido, assinalou ao Grupo ACI que "o Papa retoma uma expressão muito bela de Bento XVI no discurso inaugural da conferência episcopal em Aparecida (Brasil) quando diz ‘a missão não é proselitismo, a missão é atração’".
"Certamente é o testemunho de fé e desse amor misericordioso que comunica o Papa, o que gera essa atração," disse. "É um grande movimento mundial de reaproximação à Igreja, inclusive para os que estavam afastados ou tinham ‘fechado as contas’ com a fé e com a Igreja."
"Isto dá umas possibilidades de evangelização enormes que põe aos pastores, aos bispos, aos sacerdotes, aos leigos e aos religiosos a estar à altura desta possibilidade de evangelização que se abre", pois todo este movimento "tem que ser acompanhado por um movimento de educação e de evangelização". "É só olhar a Praça de São Pedro nas audiências, em seis meses não decaiu o número impressionante de gente que vem à praça, inclusive foi incrementando", afirmou.