VATICANO, 21 de nov de 2013 às 10:37
Em sua catequese da manhã de ontem na audiência geral celebrada na Praça de São Pedro, o Papa Francisco explicou que o protagonista do perdão dos pecados é o Espírito Santo, que obra a misericórdia de Deus através das "chagas de Jesus" e, como Ele mesmo dispôs, somente através dos sacerdotes. Não é possível a confissão "direta" com Deus.
Diante de milhares de fiéis presentes, o Santo Padre refletiu sobre a "poder das chaves" dada aos Apóstolos: "antes de tudo, devemos recordar que o protagonista do perdão dos pecados é o Espírito Santo. Ele é o protagonista. Em sua primeira aparição aos Apóstolos, no cenáculo, Jesus ressuscitado fez o gesto de assoprar sobre eles dizendo: ‘Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos’".
O Santo Padre ressaltou deste modo que o sacerdote é o "instrumento para o perdão dos pecados. O perdão de Deus que vem dado na Igreja é transmitido por meio do ministério de um irmão nosso, o sacerdote; também ele um homem que como nós, precisa de misericórdia, torna-se verdadeiramente instrumento de misericórdia, doando-nos o amor sem limites de Deus Pai".
"Também os sacerdotes precisam se confessar, mesmo os bispos: todos somos pecadores. Também o Papa se confessa a cada 15 dias, porque também o Papa é um pecador. E o confessor ouve as coisas que eu lhe digo, aconselha-me e me perdoa, porque todos precisamos deste perdão".
Antes de soprar sobre os Apóstolos para infundir o Espírito Santo, explicou o Papa, "Jesus mostra as suas chagas, nas mãos e no peito: estas feridas representam o preço da nossa salvação. O Espírito Santo nos traz o perdão de Deus ‘passando através’ das chagas de Jesus. Estas chagas que Ele quis conservar; também neste momento Ele no Céu faz ver ao Pai as chagas com as quais nos redimiu. Pela força dessas chagas, os nossos pecados são perdoados: assim Jesus deu a sua vida pela nossa paz, pela nossa alegria, pelo dom da graça na nossa alma, pelo perdão dos nossos pecados. É muito belo olhar assim para Jesus!".
"Jesus dá aos Apóstolos o poder de perdoar os pecados. É um pouco difícil entender como um homem pode perdoar os pecados, mas Jesus dá este poder. A Igreja é guardiã do poder das chaves, de abrir ou fechar ao perdão. Deus perdoa cada homem em sua soberana misericórdia, mas Ele mesmo quis que quantos pertencem a Cristo e à Igreja recebam o perdão mediante os ministros da comunidade".
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O Papa Francisco disse que "através do ministério apostólico, a misericórdia de Deus me alcança, as minhas culpas são perdoadas e me é dada a alegria. Deste modo, Jesus nos chama a viver a reconciliação também na dimensão eclesial, comunitária. E isto é muito bonito. A Igreja, que é santa e ao mesmo tempo necessitada de penitência, acompanha o nosso caminho de conversão por toda a vida. A Igreja não é mestre do poder das chaves, mas é serva do ministério da misericórdia e se alegra todas as vezes que pode oferecer este dom divino".
"Tantas pessoas talvez não entendem a dimensão eclesial do perdão, porque domina sempre o individualismo, o subjetivismo, e também nós cristãos somos afetados por isso. Certo, Deus perdoa cada pecador arrependido, pessoalmente, mas o cristão está ligado a Cristo, e Cristo está unido à Igreja. Para nós cristãos, há um dom a mais, e há também um compromisso a mais: passar humildemente pelo ministério eclesial. Isto devemos valorizar; é um dom, uma cura, uma proteção e também é a segurança de que Deus me perdoou".
"Eu vou até o irmão sacerdote e digo: ‘Padre, fiz isto…’. E ele responde: ‘Mas eu te perdoo; Deus te perdoa’. Naquele momento, eu estou seguro de que Deus me perdoou! E isto é belo, isto é ter a segurança de que Deus nos perdoa sempre, não se cansa de perdoar. E não devemos nos cansar de ir e pedir perdão. Pode-se ter vergonha de dizer os pecados, mas as nossas mães e as nossas avós diziam que é melhor ficar vermelho uma vez que amarelo mil vezes. Fica-se vermelho uma vez, mas são perdoados os pecados e se segue adiante".
Às vezes, alertou o Papa, "se ouve alguém dizer que se confessa diretamente com Deus… Sim, como disse primeiro, Deus te escuta sempre, mas no sacramento da Reconciliação envia um irmão para levar o perdão a você, a segurança do perdão, em nome da Igreja".
Para concluir o Pontífice alentou a não esquecer "que Deus não se cansa nunca de nos perdoar; mediante o ministério do sacerdote nos dá um novo abraço que nos regenera e nos permite levantar e retomar o caminho. Porque esta é a nossa vida: levantar-se continuamente e retomar o caminho. Obrigado!".