VATICANO, 30 de jan de 2014 às 11:29
O Papa Francisco dirigiu uma mensagem às Academias Pontifícias que celebraram nesta terça-feira a sua 18º Sessão Pública com o tema “Oculata Fides. Ler a realidade com os olhos de Cristo”; em seu texto, o Santo Padre recordou que “é nesta ligação entre fé e amor que se compreende a forma de conhecimento próprio da fé, a sua capacidade de iluminar os nossos passos”.
O texto, lido pelo Secretário de Estado, Dom Pietro Parolin, recorda que o tema deste ano remete a uma frase de Santo Tomás de Aquino, citada na encíclica Lumen Fidei e que as Pontifícias Academias debatem a relação entre este documento e a recente exortação apostólica “Evangelii Gaudium”.
“Em ambos os documentos convido a refletir sobre a dimensão 'luminosa' da fé e a ligação entre fé e verdade ... à luz da perspectiva do amor. É nesta ligação entre fé e amor que se compreende a forma de conhecimento próprio da fé, a sua capacidade de iluminar os nossos passos. A compreensão da fé nasce quando recebemos o grande amor de Deus que nos transforma interiormente e nos dá olhos novos para ver a realidade”, expressou o Papa.
Indicou que “daqui se derivam importantes consequências tanto para o atuar dos crentes, como para o método de trabalho dos teólogos: 'A verdade fica hoje reduzida à autenticidade subjetiva do indivíduo, válida só para a vida de cada um. Uma verdade comum nos dá medo, porque a identificamos com a imposição intransigente dos totalitarismos”.
“Entretanto, se é a verdade do amor, se é a verdade que se desvela no encontro pessoal com o Outro e com os outros, então se liberta de sua clausura no âmbito privado para fazer parte do bem comum... Em lugar de nos fazer intolerantes, a segurança da fé nos põe em caminho e faz possível o testemunho e o diálogo com todos”.
“Esta perspectiva, a de uma Igreja toda a caminho e toda missionária é aquela que se desenvolve na Exortação Apostólica sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual. O ‘sonho de uma escolha missionária capaz de renovar todas as coisas’ diz respeito a toda a Igreja e a todas as suas partes”, acrescentou.
Nesse sentido, Francisco disse que “também as Academias Pontifícias são chamadas a esta transformação, para que não falte a sua contribuição ao corpo eclesial. Não se trata, porém, de fazer operações exteriores, de ‘fachada’. Trata-se, ao invés disto, também para vocês, de concentrar-se ainda mais ‘no essencial, naquilo que é mais bonito, maior, mais atraente, mas também necessário”.
O Santo Padre conclui sua mensagem com o nome dos homenageados este ano com o Prêmio das Pontifícias Academias aos jovens estudiosos de teologia que oferecem a sua contribuição à promoção de um novo humanismo cristão. Trata-se, nesta ocasião, do reverendo prof. Alessandro Clemenzia por sua obra “Na Trindade como Igreja. Em diálogo com Heribert Mühlen” e a professora Maria Silvia Vaccarezza pela obra “As razões do contingente. A sabedoria prática entre Aristóteles e Santo Tomás de Aquino”.