WASHINGTON DC, 26 de fev de 2007 às 15:27
O anúncio de um documentário realizado por James Cameron –Diretor do filme "Titanic"– onde a Discovery Channel supostamente demonstra o achado da tumba de Jesus, foi qualificado como uma "farsa publicitária" por Amos Kloner, um dos mais destacados arqueólogos israelenses.
Nesta segunda-feira em Nova Iorque, o canal Discovery anunciou a próxima emissão, durante o tempo de Quaresma católica, de um documentário elaborado pelo diretor israelense-canadense Simcha Jacobovici e o diretor cinematográfico James Cameron, segundo o qual uma tumba descoberta há 27 anos em Talpiot, Jerusalém, é a tumba de Jesus de Nazaré e sua família.
O documentário, que também será exibido na América Latina em espanhol, argumenta que dos 10 ossadas encontrados em uma cova em 1980, seis levam inscrições identificando-os como os de Jesus, sua mãe Maria, uma segunda Maria (possivelmente Maria Madalena), e alguns parentes chamados Mateus, Josa e Judá; este último seria "o filho de Jesus".
Entretanto, pouco antes da apresentação à imprensa do documentário, o professor Amos Kloner, da Universidade Bar-Ilan e arqueólogo oficial do Distrito de Jerusalém, que fiscalizou as escavações da mesma tumba em 1980, e é autor de numerosas obras sobre os descobrimentos, assinalou que as afirmações do documentário "são só uma farsa publicitária, um excelente material para um filme de televisão, mas totalmente sem sentido, algo absolutamente impossível".
Amos, que descobriu a tumba em 1980 e a revelou ao mundo, criticou duramente a Discovery Channel por utilizar uma " estratégia de marketing". "A afirmação de que a tumba (de Jesus) foi encontrada não está apoiada em nenhuma prova e somente uma manobra para vender, Kloner" adicionou.
O arqueólogo israelense recordou que 11 anos atrás, a BBC de Londres já tinha produzido um documentário similar com o mesmo argumento; e assinalou que a nova produção da Discovery era meramente uma renovada tentativa de criar controvérsia no mundo cristão com o fim de obter maiores lucros.
"Refuto todas suas afirmações e esforços por chamar a atenção sobre os descobrimentos. Com todo respeito, não são arqueólogos", disse Kloner.
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Argumentos
Kloner explicou que os nomes inscritos nas tumbas eram muito comuns na era do Segundo templo, e portanto, são absolutamente insuficientes como argumentos para concluir que essa era a tumba de Jesus e de sua família. Explicou também que a inscrição "Jesus filho de José" foi encontrada em muitas outras tumbas em Jerusalém.
"A verdadeira tumba da família de Jesus seria um descobrimento que sacudiria o mundo, e isso é o que os cineastas estão tratando de fazer", adicionou o arqueólogo.
"É muito pouco provável que Jesus e seus parentes tivessem uma tumba familiar ", explicou Kloner. "Eles eram uma família da Galiléia sem vínculos em Jerusalém. A tumba de Talpiot pertenceu a uma família de classe média do primeiro século de nossa era".
Finalmente, Kloner criticou duramente à Autoridade Israelense de Antiguidades –conhecida por suas siglas em inglês IAA– por emprestar duas das ossadas para sua exibição em Nova Iorque nesta segunda-feira durante a conferência.
"A IAA foi muito tola por emprestar para isto", concluiu.