BERLIM, 26 de mar de 2007 às 12:15
A Chanceler alemã e Presidente do Conselho, Angela Merkel, assegurou ontem que compreende as críticas do Papa Bento XVI à União Européia (UE) por não mencionar Deus nem a suas raízes cristãs na Declaração de Berlim –que comemora o 50º aniversário do processo de integração européia– e disse que a Europa deve reconhecer de alguma forma esta herança judeu-cristã embora seja em um documento distinto da Constituição Européia.
Durante seu discurso prévio à assinatura da Declaração de Berlim, Merkel se referiu "a título pessoal" ao enumerar os valores que sustentam a UE às "raízes judeu-cristãs da Europa", em que se leve em conta que não aparecem citadas na Declaração de Berlim pela oposição de alguns Estados membros, liderados pela França. Também se rechaçou as incluir no Tratado constitucional, embora alguns países como a Polônia pedirem de maneira insistente.
Na coletiva de imprensa final da cúpula, a Chanceler explicou que ela mesma já falou com o Papa Bento XVI, como o fez com seu predecessor, João Paulo II, sobre a menção das raízes cristãs da UE no Tratado constitucional. "Sei que se trata de algo que desejam muitas pessoas na Europa. Entretanto, existem tradições seculares que rechaçam mencionar a fé em documentos oficiais do Estado", assinalou.
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Merkel se mostrou convencida de que a questão da tradição cristã voltará a expor-se durante o debate para desbloquear o Tratado constitucional, mas disse que ela é "realista, quer dizer, não muito otimista" sobre a possibilidade de que figurem no texto definitivo. "Ter que aceitar discutir este tema, é normal, e no diálogo entre culturas e religiões a nível mundial, os europeus devem poder expressar suas raízes comuns", apontou.
"Há que aceitar que estamos marcados por este passado judeu-cristão. A questão é saber em que tipo de documento se pode inscrever isto. A discussão continuará, e compreendo muito bem a posição da Igreja Católica, mas temos que admitir também que na Europa há uma clara separação entre o círculo político e o círculo religioso", concluiu.