REDAÇÃO CENTRAL, 8 de fev de 2021 às 12:00
Neste ano, a Campanha da Fraternidade será ecumênica e seu texto-base tem gerado polêmicas por fazer referências a conteúdos ligados à ideologia de gênero; frente a isso, o Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, e o Bispo de Formosa, Dom Adair José Guimarães fizeram recentemente alguns comentários.
A Campanha da Fraternidade (CF) é celebrada pela Igreja no Brasil no tempo da Quaresma. A cada cinco anos, é realizada de forma ecumênica, como ocorre neste ano de 2021, quando tem como tema “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor” e como lema o trecho da carta de Paulo aos Efésios: “Cristo é a nossa paz: do que era dividido fez uma unidade” (Ef 2, 14).
Nos últimos dias, começou-se a questionar, sobretudo nas redes sociais, o conteúdo do texto-base da Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE)2021, por seu conteúdo de ideologia de gênero.
O texto afirma em um de seus trechos que “é importante salientar que as relações sociais de classe, de gênero, de raça, de etnia estão historicamente interligadas”.
Em seguida, afirma que um “grupo social que sofre as consequências da política estruturada na violência e na criação de inimigos, é a população LGBTQI+”, e cita dados do ‘Grupo Gay da Bahia’ apresentadas no Atlas da Violência 2020 para falar sobre a violência contra essas pessoas.
Questionado sobre esta polêmica durante o programa ‘Diálogos de Fé’, transmitido ao vivo por seu Facebook no último domingo, 7 de fevereiro, o Arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Scherer, explicou que “a Campanha da Fraternidade, todos os anos, propõe um tema” e que “normalmente é a CNBB, tem uma comissão da CNBB que prepara os textos, é o Conselho Pastoral da CNBB que aprova o texto”.
Entretanto, continuou, “de cinco em cinco anos, a Campanha da Fraternidade é promovida de forma Ecumênica”, como neste ano. Sendo assim, “o texto-base não foi preparado pela CNBB, foi preparado pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), do qual também faz parte a Igreja Católica no Brasil”.
O Purpurado pontuou que a CF “é uma campanha de evangelização popular. Durante a Quaresma, sempre se aborda um aspecto da dimensão social da nossa fé. Nossa fé em Deus tem sempre a dimensão social, da caridade, da fraternidade. Sem a fraternidade, nossa fé em Deus pode estar sendo vazia”, disse.
Sobre a CFE deste ano, Dom Odilo assinalou que ,“antes que a Quaresma se inicie, nós já estamos com uma polêmica em torno do texto-base”, o qual “dá a reflexão básica sobre o tema”.
“Acho que essa polêmica precisa baixar um pouco a fervura. Acho que esta polêmica está movida por um monte de preconceitos”, disse, assinando que é algo movido por “paixão antiecumênica” e “por acusações infundadas contra a CNBB”.
“Enfim, é uma polêmica também marcada por polarização ideológica. Acusa de ideologia de um lado, mas comete o mesmo erro de posição ideológica oposta, dura, fechada. Ora, tudo o que não precisa em uma Campanha da Fraternidade Ecumênica, quando o objetivo é justamente aproximar as igrejas, é promover uma iniciativa boa juntos, nos aproximar mais. Cristo é nossa paz”, declarou
Para o Arcebispo de São Paulo, a polêmica em torno da Campanha da Fraternidade “esqueceu o foco. Cristo é nossa paz”.
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Porém, o Purpurado ressaltou: “Eu admito que no texto-base haja posições que podem ser criticas, que podem ser não compartilhadas. Eu posso fazer também as minhas observações sobre questões que talvez eu não diria desse modo, mas, pelo amor de Deus, o foco é outro”.
Assim, indicou que se pode fazer observações em relação ao texto-base, “mas, não esqueça a Campanha da Fraternidade, não esqueça o objetivo, não esqueça o tema, não esqueça o lema”. Para Dom Odilo, “não é quem escreveu a Campanha da Fraternidade que deve ficar no centro, não é quem escreveu o texto-base da campanha e que eu não estou de acordo com uma série de questões, não é isso que deve se tornar o centro da Campanha da Fraternidade”.
Desse modo, exortou a esquecer “um pouco essa polêmica”. “O que tiver que ser criticado, vamos criticar com serenidade. Mas, jogar essa polêmica antes mesmo de iniciar a Campanha da Fraternidade dessa forma não tem cabimento, não é de caridade em relação à Igreja e falta com a verdade também”.
Por sua vez, durante a homilia da Missa celebrada no último domingo, o Bispo de Formosa, Dom Adair José Guimarães, convidou a manter o foco em Cristo, em vez de se preocupar com a Campanha da Fraternidade.
“Não fechemos os nossos corações, não fiquemos escutando coisas que não tem nada a ver com nossa fé, toda essa confusão com Campanha da Fraternidade. Esquece isso. Isso não tem a menor importância para nós. Ele basta, o Cristo”, declarou.
Em seguida, pontuou que “aqueles que querem velejar contra a doutrina da Igreja não terão as suas empreitadas bem-sucedidas”.
“Quem está fora do rumo, quem não segue a Sagrada Escritura, a Tradição e o Magistério Ordinário da Igreja bate com a cabeça no muro, como tem batido a Teologia da Libertação, que não tem dado frutos”, acrescentou.
Segundo o Bispo, “muita gente teima nisso e perde tempo porque não descobre a beleza do sagrado, de uma espiritualidade viva e ficam apegados às coisas passageiras deste mundo, sem olhar para o alto”.
“Olhemos para Deus, Ele nos conforta em Cristo, através dos santos, dos anjos e através dos seus sacramentos”, concluiu.
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