Roma, 14 de out de 2015 às 13:59
O Arcebispo de Nova Iorque (Estados Unidos), Cardeal Timothy Dolan, explicou o contexto no qual ele e outros cardeais enviaram uma carta ao Papa Francisco, em vistas da realização do Sínodo da Família, a qual foi apresentada por diversos meios de comunicação como uma tentativa de pressionar o Santo Padre.
A carta privada enviada ao Papa pelo Cardeal Pell, Cardeal Dolan e outros cardeais, foi difundida pelo vaticanista italiano Sandro Magister, que indicou que foram 13 cardeais assinantes. Logo depois, quatro cardeais – Piacenza, Erdö, Vingt Trois e Scola – informaram que eles não tinham assinado a carta.
Em entrevista à jornalista Mary Shovlain, de ‘The Catholic Channel’, e questionado sobre a missiva, o Cardeal americano disse: “Fico alegre que me perguntem. Não estou envergonhado de forma alguma. Primeiramente, não sei nada sobre o fato que existam distintas versões da carta ou a respeito daqueles que a assinaram ou não”.
“Tudo o que sei é que, quando cheguei, havia alguns bispos, um dos quais era o Cardeal (australiano) George Pell (que levou a missiva ao Papa), a quem respeito muito, e conversamos acerca de algumas preocupações pendentes e em seguida me disse: ‘poderíamos unir-nos, porque amamos ao Santo Padre, confiamos nele e gostaria que fossemos muito autênticos... Por que não lhe escrevemos e dizemos que estamos preocupados de que este (o Instrumentum Laboris) seja o único documento, que tem muitas coisas boas, mas nos preocupa que seja o único documento do qual vamos falar durante o Sínodo?”.
Em segundo lugar, prosseguiu o Cardeal Dolan, “estamos um pouco preocupados sobre o processo. Parece que existe um pouco de confusão. Estamos preocupados se podemos intervir em relação aos membros que vão estar no comitê para o documento final, disse o Cardeal Pell em sua forma tão pastoral de ser. É correto o que estou dizendo? E alguns de nós, inclusive eu, estivemos de acordo e lhe disse que eu achava uma boa ideia, que você (Cardeal Pell) leve uma carta ao Papa, e pode contar comigo. E claro que a assinei”.
O Arcebispo de Nova Iorque, que foi um dos anfitriões do Papa em sua última viagem aos Estados Unidos, explicou que a carta “não estava em inglês, mas em italiano e isso aconteceu há algum tempo. Foi antes do início do Sínodo”.
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Quando começou o Sínodo, continuou o Cardeal Dolan, o Papa Francisco “com muito tato e sem referir-se à carta comentou que tinha escutado algumas das nossas preocupações e, em seguida, fez uma lista delas, exatamente as mesmas que acabo de mencionar”.
“O Santo Padre nos disse que queria responder (às preocupações) e eu pensei: ‘Isso mesmo Papa Francisco! Você nos pediu para sermos honestos. Fomos e você nos respondeu ao coração. Estou agradecido por ter atendido o nosso pedido. Continuemos trabalhando. Eu havia até me esquecido (da carta) e não pensei que se transformasse em um tema controverso”, concluiu.
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