Roma, 28 de mai de 2015 às 16:15
A aprovação da união gay, ou “matrimônio” homossexual, por plebiscito na Irlanda “não é somente uma derrota dos princípios cristãos, mas também uma derrota da humanidade”, afirmou o Secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, e indicou também que a Igreja deve estar atenta a esta realidade para “para evangelizar também a nossa cultura”.
Em declarações difundidas pela Rádio Vaticano, o Cardeal Parolin fez menção aos resultados do referendum realizado na última sexta-feira na Irlanda, cerca de 62,07 % dos 3,2 milhões votantes registrados, querem que se legalizem as uniões homossexuais por meio de um regime constitucional.
Cerca de 37,93 % de votantes que se opuseram a esta proposta do Governo de Irlanda.
“Estes resultados me deixaram muito triste. Certo, como disse o Arcebispo de Dublin (Dom Diarmuid Martin), a Igreja deve levar em consideração esta realidade, mas deve fazer isto no sentido de que, a meu ver, Ela deve reforçar justamente todo o seu compromisso e fazer um esforço para evangelizar também a nossa cultura. E eu acredito que não seja somente uma derrota dos princípios cristãos, mas um tanto uma derrota da humanidade”, expressou o Cardeal Parolin.
Consequências para a Igreja na Irlanda
Por sua parte, o Arcebispo de Dublin expressou ao jornal italiano ‘La Stampa’ a sua preocupação pelas consequências que este regime pode trazer para a Igreja na Irlanda: "O primeiro-ministro católico (o democrata cristão Enda Kenny) assegura que para as Igrejas não mudará nada, pois serão os tribunais que deverão aplicar a lei".
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Dom Martin indicou: “O que aconteceu é uma mudança considerável cujos efeitos concretos são imprevisíveis, pois o matrimônio na Igreja é também um matrimônio civil e os casais gays que serão rejeitados pelo pároco poderão ir aos juízes e poderão acusar os sacerdotes de discriminação se a legislatura não puser limites”.
“Nas escolas católicas os professores de educação cívica serão obrigados dizer que o matrimônio também pode ser realizado entre pessoas do mesmo sexo. Tudo isto criará problemas”, advertiu o Prelado irlandês.
Durante a entrevista, o Arcebispo assinalou: “O resultado do referendum demonstra a situação atual da cultura irlandesa: o que aconteceu não é somente o êxito de uma campanha pelo ‘sim’ ou pelo ‘não’, mas a prova de um fenômeno muito mais profundo”.
“Quando fizemos uma visita ‘ad limina’ ao Papa Bento XVI, sua primeira pergunta foi: Onde estão os pontos de contato entre a Igreja Católica e os centros nos quais é educada a cultura irlandesa de hoje? Esta pergunta do então Papa Bento XVI é verdade e precisamos encontrar uma resposta, porque estamos diante de uma revolução cultural”.
“A Igreja deve perguntar-se quando começou esta revolução cultural e por que alguns em seu interior se negaram a ver esta mudança. É necessário também revisar a pastoral juvenil: o referendum foi ganho com o voto dos jovens e 90% dos jovens que votaram pelo ‘sim’ frequentaram as escolas católicas”, concluiu o Cardeal Parolin.