ROMA, 6 de ago de 2015 às 14:30
Fethullah Üzümcüoglu e Esra Polat são dois jovens turcos que se casaram no dia 30 de julho em Kilis, perto da fronteira com a Síria, país do qual quatro milhões de pessoas fugiram pela guerra, a metade está refugiada na Turquia. Ante esta realidade, o casal decidiu convidar para a festa de casamento quatro mil refugiados e compartilharam o jantar com eles.
“Ver a felicidade nos olhos das crianças refugiadas sírias não tem preço. Começamos nossa jornada de felicidade fazendo felizes os outros e isso é um sentimento grandioso”, expressou o noivo.
Conforme informaram, a ideia nasceu do pai do noivo, Ali Üzümcüoglu, o qual disse ao jornal Serhat Kilis: “espero que outros sigam este exemplo e compartilhem suas festas de bodas com seus irmãos sírios”.
“Achamos que seria melhor através da Kimse Yok Mu (uma organização caritativa turca), a qual poderia prover um caminhão. Se Deus quiser, isto levará outros a fazerem o mesmo e alimentar os nossos irmãos e irmãs sírios. Para nós, foi um emocionante jantar de casamento”, disse.
O pai do noivo também disse que estava muito satisfeito com o fato de que o casal comece uma nova vida através “de uma ação tão desapegada”. Nesse sentido, o filho disse que “seus amigos se sentiram inspirados e esperam fazer o mesmo quando se casarem”.
Por sua parte, a noiva, Esra Polat, disse à imprensa britânica que, primeiramente, ficou surpreendida quando seu noivo comentou a ideia, mas depois foi se convencendo. “Estou feliz de ter tido a oportunidade de compartilhar nosso jantar de casamento com pessoas realmente necessitadas”.
Hatice Avci, porta-voz da organização Kimse Yok Mu, relatou que o casal doou o dinheiro que lhe deram suas famílias para poder oferecer o jantar aos refugiados que moram dentro e fora de Kilis.
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O drama dos refugiados sírios
Desde março de 2011 a Síria sofre uma guerra cruel entre grupos rebeldes muçulmanos – lugar no qual também está localizada uma filial do Al Qaeda – que tentam derrocar o governo de Bashar al Asad; e o Estado Islâmico (ISIS), o qual busca continuar expandindo seu califado.=
Este conflito já provocou milhares de mortes, quatro milhões de refugiados nos países vizinhos e oito milhões de deslocados dentro do território sírio. Entre os afetados está a minoria cristã, este é um dos principais objetivos do ISIS em seu afã de impor a lei islâmica.
O Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), Antonio Guterres, denunciou no mês passado que "esta é a maior população de refugiados, somente em um conflito durante uma geração. É uma população que precisa do apoio mundial, no entanto vivem em condições penosas em uma devastadora situação de pobreza”.
Nesse sentido, alertaram que se não enviarem mais ajuda a crise humanitária aumentará. No final do mês de junho receberam somente 24% dos 5.500 milhões de dólares que ACNUR estimou necessários no começo de 2015 para enfrentar esta crise.
Indicaram que nos campos de refugiados em Jordânia, 86% dos sírios vivem abaixo do limite da pobreza. Isto provoca inclusive disputa entre os refugiados, mendicância ou matrimônios entre menores de idade.