A beleza da família baseada no casamento entre homem e mulher e a doutrina da indissolubilidade do matrimônio foram destacados pelo Relatório Final do Sínodo dos Bispos, conforme afirmou o Arcebispo de Aparecida, Cardeal Raymundo Damasceno Assis, durante coletiva de imprensa na terça-feira, 27.

Dom Raymundo foi um dos presidentes-delegados do Sínodo, que ocorreu de 4 a 25 de outubro, no Vaticano. Ele recebeu os jornalistas no Seminário Bom Jesus, em Aparecida (SP), quando falou sobre questões debatidas pelos padres sinodais e abordadas no documento final encaminhado ao Papa Francisco.

De acordo com o portal A12, o Arcebispo apontou como uma das prioridades do Sínodo a importância da preparação dos casais que receberão o sacramento do matrimônio. O Purpurado sublinhou que o desejo da Igreja é que “as pessoas vivam o matrimônio como vocação”, e não apenas como uma exigência jurídica ou tradição.

“O casamento é vocação e se é vocação ele também tem uma missão a cumprir no mundo”, afirmou, citando em seguida São João Paulo II, ao constatar que “o futuro da humanidade passa pela família”.

Dom Raymundo questionou: “Isso implica em quê?”. Segundo o prelado, resulta daí a necessidade de preparação dos futuros esposos.

“O documento fala em uma preparação remota que se faz desde o seio da família, onde as crianças são educadas para os valores humanos e cristãos. Fala também da preparação mais próxima e da preparação imediata, de modo que ao abraçar o matrimônio, a pessoa tem que se preparar, como se prepara para qualquer vocação, para qualquer missão”, indicou.

O Arcebispo analisou a situação atual e disse que, muitas vezes, o que acontece com os noivos que querem se casar é que eles têm “uma preparação de poucas horas”, o que contrasta com a responsabilidade que vão assumir, a qual é “para a vida toda”.

“Então – indicou Dom Damasceno –, o Sínodo lembra a importância dessa preparação dos noivos que vão abraçar o matrimônio, não como eu disse como uma exigência meramente jurídica, ou por uma questão social, tradicional, mas vão abraçar este estado de vida, como uma vocação, como um chamado de Deus”.

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O Purpurado explicou que o matrimônio se trata de uma entrega “a um amor pleno total, a seu esposo, esposa, com um amor uno e indissolúvel aberto à vida e com uma grande responsabilidade social, tanto na sociedade como na Igreja”. Isso, alertou, “não pode ser improvisado”.

Ainda durante a coletiva, o Arcebispo de Aparecida esclareceu que o Sínodo funciona como indicador de possíveis caminhos pastorais quanto a temas que se referem a realidade familiar. Mas, conforme ressaltou ao A12, cabe ao Pontífice dar os encaminhamentos seguintes, “utilizar para uma eventual exortação apostólica pós-sinodal, que se torne documento com o seu selo, válido como magistério da Igreja, para toda a Igreja”.

“O Sínodo não decide, ele apenas sugere, propõe e faz recomendações. O Papa que depois toma decisão de dar encaminhamento a essas conclusões”, declarou.

O Cardeal Raymundo Damasceno comentou ainda sobre os números 84, 85 e 86 do Relatório Final, que trata sobre a participação dos divorciados e recasados, sob o subtítulo “Discernimento e integração”.

“No documento, em nenhum momento, fala-se de confissão ou comunhão dos casais que contraíram uma segunda união, depois de ter se separado”, ressaltou o Arcebispo.

Segundo ele, o documento dá algumas orientações importantes em relação a esses casos. Neste sentido, ressaltou as duas palavras que formam este subtítulo do relatório: discernimento e integração.

De acordo com o portal A12, Dom Damasceno explicou que atender com misericórdia e acolhimento esses casais, não significa negar o caráter indissolúvel do sacramento do matrimônio, mas antes uma forma da Igreja compreender essas realidades.