Roma, 30 de mai de 2016 às 18:00
Na exposição organizada pela Fundação Vaticana Joseph Ratzinger – Bento XVI, “Universidade sem humanismo? O impulso de Joseph Ratzinger, Bento XVI”, o professor Lorenzo Ornaghi, politólogo italiano e ex-ministro de bens e atividade cultural, explicou a visão do Papa Emérito sobre a universidade como “um lugar de produção, de investigação científica e de autêntica cultura”.
Ornaghi assinalou que para o Papa Emérito, “as universidades não só têm o poder para ajudar a deter o declive da cultura e do pensamento ocidental, como também se encontram no momento histórico propício para fazê-lo”.
Bento XVI considera que “o futuro da Europa depende” da cultura porque esta “não é só uma rede de ideias, mas sim produz acontecimentos, orienta comportamentos e contribui na criação de atitudes individuais e coletivas”.
“A crescente debilidade cultural da Europa é uma das causas que contribuem para sua decadência política objetiva e crescentes dificuldades econômicas. A tarefa da universidade é para combater e na medida do possível reverter o processo de deterioração do qual a Europa é a vítima ou o autor mais ou menos inconsciente”, manifestou o ex-ministro.
O também ex-reitor da Universidade Católica do Sagrado Coração assinalou que a preocupação principal de Bento XVI sobre a investigação científica é que “a razão, a ratio (a mais importante garantia da unidade de desenvolvimento do pensamento ocidental), é encerrada em uma ciência, ou mais frequentemente em uma pseudociência, que se ocupa só do que é quantitativo, mensurável e que se avalia em função de sua utilidade social”.
Ornaghi indicou que, segundo o Papa Emérito, se “queremos deter a deterioração do pensamento e da cultura ocidental é necessário ampliar a razão para que abranja toda a realidade e não somente um fragmento”. Quando isto acontece, “a razão se encontra com a fé, que constitui a melhor garantia da unidade do saber e que é a premissa indispensável do humanismo”.
Acrescentou que se o humanismo desaparece das investigações científicas, estas se empobrecem e se reduzem ao que a sociedade considere como útil. Portanto, “o humanismo – que está baseado na antropologia cristã – deve saber responder aos desafios do tempo moderno”.
“Se a cultura da Europa perde suas raízes humanistas, se tornará incapaz de interpretar as tendências básicas das mudanças e não poderá orientá-las. Também fará que os povos protagonistas da história e as pessoas relevantes do desenvolvimento histórico se convertam em objetos ou atores completamente irrelevantes”, explicou o politólogo italiano.
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Por isso – prosseguiu –, Bento XVI indica que o grande desafio da universidade é “assegurar-se de que o humanismo também responda aos desafios da investigação científica, em todos os campos”.
Por outro lado, Ornaghi expôs as duas propostas do Papa Emérito para as universidades: a razão e as minorias criativas.
A primeira porque “impede que a precária paz entre os valores que acreditam ser todos iguais entre si e que são contraditórios dentro da sociedade”.
A segunda proposta de Bento XVI para a universidade é formar pequenos grupos criativos humanistas que tenham a capacidade de orientar as mudanças na universidade porque quando, “a sociedade se bloqueia, a arte criativa sobrevive e toma nova forma”.
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