ROMA, 1 de jul de 2016 às 08:00
Durante a coletiva de imprensa na viagem da Armênia para Roma, o Papa Francisco respondeu a uma pergunta sobre a possibilidade de levantar a excomunhão a Martinho Lutero, por ocasião da próxima viagem do Santo Padre à Suécia pelos 500 anos da Reforma protestante.
As palavras do Santo Padre foram manipuladas por alguns meios de comunicação. Confira a seguir a resposta completa do Papa Francisco na coletiva de imprensa do domingo, 26 de junho:
“Creio que as intenções de Martinho Lutero não estivessem erradas: era um reformador. Talvez alguns métodos não fossem certos, mas naquele tempo, se lermos a história do Pastor, por exemplo, um alemão luterano que depois se converteu quando viu a realidade daquele tempo e se tomou católico.
Nesse então, a Igreja não era propriamente um modelo a imitar: havia corrupção na Igreja, havia mundanidade, havia apego ao dinheiro e ao poder. E por isso ele protestou.
Ele era inteligente e deu um passo avante justificando o porquê fazia isso. E hoje luteranos e católicos, protestantes e todos, estamos de acordo sobre a doutrina da justificação: sobre este ponto tão importante ele não errou.
Mas ele proporcionou um remédio para a Igreja, depois este remédio se consolidou em um estado de coisas, numa disciplina, num modo de acreditar, num modo de fazer, de modo litúrgico. Mas não era só ele: havia Zwingli, havia Calvino e quem estava atrás deles? Os princípios, ‘cuius regio eius religio’.
Devemos nos inserir na história daquele tempo: é uma história difícil de entender. Não é fácil. Depois as coisas prosseguiram. Hoje, o diálogo é muito bom e aquele documento sobre a justificação acredito que seja um dos documentos ecumênicos mais ricos, mais ricos e mais profundos, existem divisões, mas dependem também das Igrejas.
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Em Buenos Aires, havia duas igrejas luteranas: uma pensava de um modo e a outra de outro modo, mesmo na própria Igreja luterana não há unidade. Mas se respeitam, se amam, a diversidade é aquilo que talvez nos tenha feito tanto mal a todos e hoje buscamos retomar o caminho para nos encontrar depois de 500 anos. Eu acredito que devemos rezar juntos: rezar! Por isso a oração é importante.
Segundo: trabalhar pelos pobres, pelos perseguidos, por tantas pessoas que sofrem, pelos refugiados. Trabalhar juntos e rezar juntos. E que os teólogos estudem juntos, buscando… Mas este é um caminho longo, longuíssimo.
Uma vez, disse brincando: Eu sei quando será o dia da plena unidade – Qual? – Um dia depois da vindo do Filho do Homem! Porque não se sabe… O Espírito Santo fará esta graça. Mas enquanto isso rezar, nos amar e trabalhar juntos, sobretudo pelos pobres, pelas pessoas que sofrem, pela paz e tantas outras coisas, não? Contra a exploração das pessoas... Tantas coisas pelas quais se está trabalhando conjuntamente”.
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— ACI Digital (@acidigital) 30 de junho de 2016