VATICANO, 29 de set de 2015 às 15:15
Durante a coletiva de imprensa no voo de volta a Roma (Itália), o Papa Francisco falou sobre os divorciados em nova união e o acesso à comunhão, um dos temas mais abordados pelos meios de comunicação durante o último Sínodo sobre a Família e que também será parte do novo Sínodo, a ser realizado a partir do dia 4 de outubro de 2015.
“Existe o problema dos segundos matrimônios, dos divorciados em uma nova união”, disse aos jornalistas.
“Vocês têm o Instrumentum Laboris (o documento guia dos participantes do Sínodo). Aquilo que fica em discussão”. O Santo Padre também falou do problema dos divorciados em nova união: “É simplista dizer que se pode fazer a comunhão”.
“Esta não é a única solução; o que o Instrumentum Laboris propõe é mais, como por exemplo, o problema das novas uniões, dos divorciados, não é um único problema”.
Continuando, o Santo Padre repassou alguns destes problemas mencionados na Instrumentum Laboris que ele mesmo cita: “os jovens que não se casam, que não querem se casar, é um problema pastoral. Outro problema é a maturidade afetiva, no matrimônio é outro problema, a fé”.
“Acredito que isto é para sempre? Sim, sim, acredito. Sobre a preparação ao matrimônio penso muitas vezes que para ser sacerdote há uma preparação de oito anos e depois não é definitivo, a Igreja pode tirar o estado clerical. Mas, para casar-se por toda a vida fazem quatro encontros de preparação matrimonial. Há algo que não funciona e isto é o que a Igreja deve pensar bem, como fazer uma boa preparação ao matrimônio; é uma das coisas mais difíceis”.
Na Audiência Geral do dia 5 de agosto, o Papa Francisco dedicou sua catequese precisamente às pessoas divorciadas em nova união e seus filhos. “A Igreja bem sabe que tal situação contradiz o Sacramento cristão”, disse então.
Não obstante, o Bispo de Roma sublinhou que a Igreja tem um “olhar de mestra” que “parte sempre de um coração de mãe” e recordou ainda que “os divorciados não estão excomungados”.
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“Como poderíamos recomendar a estes pais que façam de tudo para educar os filhos à vida cristã, dando a eles exemplo de uma fé convicta e vivida, se os mantivéssemos longe da vida da comunidade como se fossem excomungados? ”, perguntou-se o Pontífice.
Sua resposta foi que “não devemos adicionar outros pesos além daqueles que os filhos, nestas situações, já devem carregar”. “Infelizmente, são grandes os números de crianças e adolescentes envolvidos em separações dos pais e segundas uniões”. Em relação a esses, afirmou que “é importante que eles sintam a Igreja como mãe atenta a todos, sempre disposta a escuta e ao encontro”.
Francisco deixou claro que ante esta situação a Igreja “não ficou insensível nem preguiçosa” e destacou que “cresceu muito a consciência de que precisamos de uma fraterna e atenciosa acolhida, no amor e na verdade, para os batizados que estabeleceram um novo relacionamento após o fracasso do matrimônio sacramental”.
“Em efeito, estas pessoas não foram absolutamente excomungadas e não devem absolutamente ser tratadas como tal: elas fazem sempre parte da Igreja”, concluiu o Papa.
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