Vaticano, 17 de nov de 2014 às 10:07
O Papa Francisco recebeu em audiência neste sábado a Associação de Médicos Católicos Italianos, por ocasião dos seus 70 anos de fundação, e lhes alentou a darem testemunho de que “a vida humana é sempre sagrada, válida e inviolável”.
O Santo Padre advertiu aos profissionais da saúde que “estamos vivendo em uma época de experimentos com a vida. Mas experimentos ruins”, nos quais se busca “fabricar filhos em vez de aceitá-los como um presente”.
“Tomem cuidado, porque isso é um pecado contra o Criador contra Deus Criador, que criou as coisas assim”.
Francisco indicou que “o pensamento dominante propõe às vezes uma ‘falsa compaixão’: que considera que favorecer o aborto é uma ajuda para a mulher; procurar a eutanásia é um ato de dignidade; ‘produzir’ um filho considerado como um direito em vez de acolhê-lo como dom é uma conquista científica; ou usar vidas humanas como cobaias de laboratório para salvar presumivelmente outras”.
“A verdadeira compaixão evangélica, esclareceu, é ao contrário, a do bom samaritano, que se aproxima, acompanha e oferece ajuda concreta”.
O Papa disse que “a missão dos médicos os coloca em contínuo contato com tantas formas de sofrimento: Encorajo-os a serem bons samaritanos, tendo cuidado especial com os idosos, os enfermos e os portadores de deficiências”.
“A fidelidade ao Evangelho da Vida e ao seu respeito, como dom de Deus, exige, certas vezes, escolhas corajosas e ir contracorrente que, em circunstâncias particulares, podem chegar à objeção de consciência”.
O Santo Padre recordou que “muitas vezes na minha vida como sacerdote ouvi objeções. ‘Mas me diga, por que a Igreja se opõe ao aborto, por exemplo? É um problema religioso?’ – ‘Não, não, não é um problema religioso’- ‘É um problema filosófico’ - ‘Não, não é um problema filosófico’. É um problema científico, porque está em questão uma vida humana e não é lícito eliminar uma vida humana para resolver um problema”.
Continuou o Papa: “’Mas não, o pensamento moderno…’ – ‘Mas olha, no pensamento antigo e no pensamento moderno a palavra matar significa a mesma coisa’”.
Francisco destacou que “o mesmo é válido para a eutanásia: todos sabemos que nesta cultura do descartável faz-se a eutanásia escondida com muitos idosos. E isso significa dizer para Deus: ‘Não, eu faço o final da vida como eu quero’".
Isso, disse, é um “pecado contra Deus Criador. Pensem bem nisto”.
O Papa expressou seu desejo de que os médicos católicos italianos “possam colaborar de forma construtiva com todas as pessoas e instituições que compartilham com vocês o amor à vida e da sua dignidade, sacralidade e inviolabilidade”.
“São Camilo de Lelis, sugerindo a forma mais eficaz para cuidar dos doentes dizia simplesmente: ‘Coloquem mais coração nessas mãos’. E esse também é o meu desejo”.
“Que a Virgem Santa, Saúde dos doentes, sustente os propósitos com os quais se esmeram a continuar agindo. Peço-lhes, por favor, que rezem por mim e os abençoo de coração”, concluiu.