VATICANO, 21 de out de 2015 às 10:40
O Papa Francisco dedicou a Audiência Geral desta quarta-feira à promessa conjugal, isto é, “a promessa de amor e fidelidade feita por marido e esposa no momento do matrimônio”, e manifestou a necessidade de que lhe restitua a honra social.
Na catequese desta quarta-feira, o Pontífice afirmou que esta promessa “comporta o compromisso de acolher e educar os filhos; cuidar dos pais idosos, proteger e acudir os membros mais frágeis da família, ajudar-se mutuamente para realizar suas qualidades e aceitar seus limites”.
“É necessário subtrair à clandestinidade o milagre diário de milhões de homens e mulheres que regeneram o próprio alicerce familiar, do qual vive toda a sociedade e que não o pode garantir de qualquer outro modo”.
Não por acaso, “Deus inscreveu este princípio da fidelidade à promessa do amor e da geração na obra da criação como uma bênção perene, à qual está confiado o mundo”.
A Igreja mesma “encontra na família uma bênção a ser resguardada, da qual sempre se aprende, antes de ensiná-la e discipliná-la”. Esta fidelidade está sempre “confiada à graça e à misericórdia de Deus”.
O Santo Padre explicou que a promessa conjugal “compartilha as alegrias e os sofrimentos de todos os pais, mães, filhos, com generosa abertura frente à convivência humana e o bem comum”.
“Uma família que se fecha em si mesma é uma contradição, uma mortificação da promessa que a fez nascer e a faz viver”.
“Não esqueçam nunca –pediu o Papa – que a identidade familiar é sempre uma promessa que se alarga e se alarga a toda a família e a toda a humanidade”.
Mas na atualidade esta promessa parece muito “debilitada”. “Por um lado, porque um equivocado direito de procurar a própria satisfação a todo custo e em qualquer relação vem exaltado como um princípio inegociável da liberdade”. De outro lado, “porque se confiam exclusivamente à obrigação da lei os vínculos da vida de relação e do compromisso pelo bem comum”.
“Na verdade, ninguém quer ser amado somente por seus bens ou por ‘obrigação’”, disse o Papa.
“Assim como a amizade, o amor deve sua força e sua beleza ao fato de que gera uma relação sem privá-la da liberdade”, porque “o amor é livre e a promessa da família é livre”.
“Sem liberdade não há amizade, sem liberdade não há amor, sem liberdade não há matrimônio”.
Receba as principais de ACI Digital por WhatsApp e Telegram
Está cada vez mais difícil ver notícias católicas nas redes sociais. Inscreva-se hoje mesmo em nossos canais gratuitos:
“A liberdade e a fidelidade não se opõem, mas se sustentam reciprocamente, seja nas relações interpessoais, seja nas sociais”.
Francisco pediu, então, para pensar “nos danos que a inflação de promessas por cumprir, em vários campos, produz na civilização da comunicação global, bem como a indulgência pela infidelidade à palavra dada e aos compromissos assumidos”.
De fato, “a fidelidade é uma promessa de compromisso que se ‘autocumpre’, crescendo na livre obediência à palavra dada”. Mas também “é uma confiança que ‘quer’ ser realmente compartilhada, e uma esperança que ‘quer’ ser cultivada junta”.
“A fidelidade às promessas é uma verdadeira obra mestra de humanidade!”, afirmou diante milhares de fiéis que o escutavam na Praça de São Pedro.
“Se olharmos a sua audaz beleza, temos medo, mas se desprezarmos sua valente tenacidade, estamos perdidos”.
“Nenhuma relação de amor – nenhuma amizade, nenhuma forma de querer, nenhuma felicidade do bem comum – chega ao nível de nosso desejo e de nossa esperança, se não se chegar a viver este milagre da alma”.
Neste sentido, “a força e a persuasão da fidelidade não cessam jamais de nos surpreender”, pois “honra à palavra dada, a fidelidade à promessa não se pode comprar nem vender; não se pode impor pela força, mas também não se pode guardar sem sacrifício”.
“Se a família não ensinar esta verdade do amor, nenhuma outra escola o poderá fazer” assim como “nenhuma lei pode impor a beleza e a herança deste tesouro da dignidade humana, se a união pessoal entre amor e geração não a escreve em nossa carne”.
O Pontífice também destacou que “o amor pela família humana, na boa e na má sorte, é um ponto de honra para a Igreja”.
Ao final de sua catequese, o Papa pediu orações pelos bispos que participam do Sínodo da Família em Roma para que “o Senhor abençoe seu trabalho, desenvolvido com fidelidade criativa, na confiança de que Ele antes de qualquer um é fiel a suas promessas”.
Ao saudar os doentes, jovens e recém-casados, Francisco recordou que amanhã se celebra a memória litúrgica de São João Paulo II.
“Queridos jovens, que seu testemunho de vida seja exemplo para seu caminho; queridos doentes, levem com alegria a cruz do sofrimento como ele nos ensinou com o exemplo; e vocês, queridos esposos recém-casados, peçam sua intercessão para que em sua nova família não falte nunca o amor”.