Rio de Janeiro, 8 de ago de 2017 às 18:00
A resposta do Vaticano a uma carta enviada por um casal homossexual ao Papa Francisco gerou a repercussão na imprensa brasileira de que o Pontífice os teria reconhecido como família, porém, trata-se de uma informação falsa, como esclareceu o vaticanista Alexandre Varela em seu blog ‘O Catequista’.
Toni Reis e David Harrad enviaram uma carta ao Papa Francisco para contar sobre o batizado de seus três filhos adotivos na Igreja Católica. Em resposta, receberam uma carta assinada pelo Assessor para os Assuntos Gerais do Vaticano, Mons. Paolo Borgia.
A mensagem afirma que “o Santo Padre viu com apreço a sua carta, com a qual lhe exprimia sentimentos de estima e veneração e formulava votos pelos bons frutos espirituais do Seu ministério de Pastor da Igreja Universal”.
“Ao agradecer, da parte do Sucessor de Pedro, o testemunho de adesão e as palavras de homenagem, posso acrescentar: também o Papa Francisco lhe deseja felicidades, invocando para a sua família a abundância das graças divinas, a fim de viverem constante e fielmente a condição de cristãos, como bons filhos de Deus e da Igreja, ao enviar-lhes uma propiciadora Bênção Apostólica, pedindo que não se esqueçam de rezar por ele”, acrescenta o texto.
Sobre esta mensagem, o vaticanista Alexandre Varela indicou três pontos que mostram que o Papa não reconheceu em momento algum o casal homossexual como família.
Primeiro, “o texto da carta recebida pela dupla gay é padrão, ou seja, milhares de pessoas recebem essa mesma carta pelo mundo”. Segundo Varela, “para estas respostas padrão, o Vaticano dispõe de um certo número de textos que variam levemente, e que vai alternando para enviar às pessoas que escrevem ao Papa”.
Além disso, “não foi feita qualquer análise sobre a pessoa (ou as pessoas) que enviaram a carta ao Papa”. Logo, “não houve qualquer reconhecimento do Papa ou do Vaticano da dupla gay como família”.
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Por fim, assinalou que “é muito provável que o Papa não tenha lido a carta enviada”. “O texto-padrão diz que ele ‘viu com apreço’ a carta, e em seguida faz um comentário bem genérico sobre o seu conteúdo – o que indica que esse ‘viu’ não necessariamente quer dizer que ele realmente leu”, ressalta.
Varela precisou que “é humanamente impossível” que o Papa leia todas as cartas remetidas a ele. “Só uma pequena minoria realmente é lida por ele” e, para que as demais missivas não fiquem sem resposta, “o Vaticano envia essas cartas com texto padrão”.
Recordou ainda que o próprio Papa Francisco já defendeu em certas ocasiões que família é a união entre homem e mulher, como em janeiro de 2016, quando declarou que “não pode haver confusão entre a família querida por Deus e outros tipos de união”, durante inauguração do Ano Judicial do Tribunal Apostólico da Rota Romana.
“A família, fundada no matrimônio indissolúvel, unitivo e procriador, pertence ao sonho de Deus e da sua Igreja para a salvação da humanidade”, disse o Santo Padre na ocasião.
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— ACI Digital (@acidigital) 12 de janeiro de 2016