DENVER, 6 de out de 2016 às 14:00
Uma recente pesquisa publicada pelo Dr. Mark Gray, que trabalha no Centro de Investigação Aplicada no Apostolado (CARA) da Universidade de Georgetown, mostrou que as crianças católicas estão abandonando a fé aos 10 anos porque existe uma incompatibilidade entre o que aprendem sobre a Igreja e a ciência no colégio.
Das duas pesquisas realizadas pelo Dr. Gray, uma delas se centrou em pessoas cujas idades oscilavam entre 15 e 25 anos e foram criados como católicos, mas já não se identificavam como tais. O outro se centrou em pessoas com 18 anos ou mais que se identificavam como católicos.
“As entrevistas entre os jovens e adultos, que deixaram a sua fé católica, revelaram que a idade na qual tomaram a decisão de abandonar a fé foi aos 13 anos. Cerca de dois terços das pessoas entrevistadas, 63% disseram que deixaram de ser católicos entre os 10 e 17 anos. Outros 23% disseram que se afastaram da fé antes dos 10 anos. Apenas 13 % disseram que alguma vez pensaram em voltar para a Igreja Católica”, explicou ao Grupo ACI.
Gray assinalou que as pessoas que se afastaram “desejam ter uma prova, uma evidência do que estavam aprendendo sore a religião e sobre Deus”.
“Isto é quase uma crise de fé. Em todo o conceito de fé, esta geração está lutando com a fé de uma maneira que não ocorreu nas gerações anteriores”, comentou.
Também explicou que há uma tendência na cultura popular que vê o ateísmo como “inteligente” e a fé como “um conto de fadas”.
O perito indicou que uma das razões dessa situação é a separação entre a fé e a educação, porque os jovens vão à Missa uma vez por semana, mas passam o resto da semana aprendendo que a fé é “boba”.
Por outro lado, disse que se os estudantes aprendessem na mesma escola sobre a evolução, a teoria de Big Bang e a fé com professores que têm convicções religiosas, isto demonstraria que “não há conflitos entre a ciência e a religião e entenderiam acerca da Igreja, sua história e sua relação com a ciência”.
O Dr. Gray explicou que esta situação foi diferente com as gerações anteriores que estudaram ciência e fé no mesmo currículo. A educação “ajudou muito os jovens a lidarem com estas grandes questões e a não gerar um conflito entre a religião e a ciência”.
Por sua parte, o Pe. Matthew Schneider, sacerdote legionário que trabalhou com jovens durante quatro anos, disse que a fé e a ciência devem ser apresentadas aos jovens ambas em harmonia.
O sacerdote explicou que é um desafio ensinar como a “fé e a ciência se relacionam” através da filosofia e da teologia. Enquanto ciência se ocupa do “que é observável e medível”, “o mundo necessita de algo não físico em sua origem, deste modo entendemos Deus com a ciência”.
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“A ciência nasceu da fé cristã”, prosseguiu. “Não há contradição” entre fé e ciência, “mas é necessária a compreensão de cada uma em seus próprios reinos”.
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O Pe. Schneider recordou uma pesquisa realizada por Christian Smith, professor de sociologia da Universidade de Notre Dame, que concluiu que a combinação de três fatores produz uma taxa de 80% de retenção entre os jovens católicos.
Se tiveram uma “atividade semanal” como a catequese, estudos bíblicos ou um grupo de jovens; se há adultos na paróquia, sem ser os seus próprios pais, que possam falar com eles acerca da fé; e se tiverem “experiências espirituais profundas”, há uma maior probabilidade de permanecer na fé católica, disse o Pe. Schneider.
Por sua vez, o Dr. Gray indicou que a igreja é “muito aberta” à ciência e que uma das provas disso é a filiação dos cientistas não católicos com a Pontifícia Academia de Ciências. Entre eles está o físico Stephen Hawking.
“Não há um conflito real” entre a fé e a ciência, disse Gray.
“A igreja equilibrou de maneira constante os assuntos de fé e razão desde os trabalhos de Santo Agostinho no século V. Ainda tem a oportunidade de conservar mais jovens católicos se puder fazer mais para corrigir os mitos históricos sobre a Igreja com relação à ciência”, destacou.
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— ACI Digital (@acidigital) 5 de outubro de 2016