Vaticano, 16 de jul de 2014 às 10:08
O Secretário de Estado Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, advertiu nesta segunda-feira que um estado onipresente que quer controlar tudo é ineficaz e injusto, pois corta toda criatividade; por outro lado, assinalou que um estado laico sadio é aquele que protege e promove a ação social da Igreja a favor do bem comum.
Assim o expressou durante o “Diálogo México-Santa Sé sobre Migração Internacional e Desenvolvimento", que terminou nesta terça-feira e onde chamou a comunidade internacional e os membros da Igreja a trabalharem para enfrentar o fenômeno das migrações, em especial o drama das crianças que cruzam ilegalmente a fronteira dos Estados Unidos fugindo da pobreza e violência em seus países de origem.
“Quando a Igreja encontra um interlocutor receptivo, um Estado convencido de sua vocação de serviço às pessoas e, portanto, não meramente ‘tolerante’ com o fato religioso, mas disposto a promover qualquer instância que trabalhe por melhorar a sociedade, a potencialidade do bem realizado se multiplica e a malha social se impregna de humanidade”, afirmou o Cardeal.
Por outro lado, advertiu, “os estados autoritários tentam controlar toda a vida social: o aparelho estatal é onipresente, deve fazer tudo, mesmo que o faça mal. Não aceita a chamada ‘sociedade civil’, baseada no princípio da subsidiariedade, pelo qual a instância superior deve renunciar a fazer aquilo que as instâncias inferiores podem fazer, em vista de uma maior eficiência do serviço emprestado”.
“Hoje sabemos que um estado onipresente não é apenas injusto, mas também radicalmente ineficiente, posto que corta pela raiz qualquer broto de criatividade e de iniciativa”, assinalou.
Nesse sentido, a autoridade vaticana destacou “que a Igreja foi um dos fatores sociais que historicamente mais trabalhou pelo reconhecimento da ‘sociedade civil’. Quando um País não só tolera a Igreja, mas também no marco de uma laicidade sadia estabelece os meios jurídicos para a sua proteção e promove a sua ação social a favor do bem comum, garante um elemento meta-político chave para o progresso: a confiança”.
“Um estado de direito no qual os cidadãos confiam em seus políticos, em seus juízes e nas forças da ordem, tem futuro. Uma sociedade aberta na qual os consumidores confiam nos atores da economia, tem futuro. Um estado que confia nas Organizações não governamentais como expressão da pluralidade da malha social, tem as portas do futuro abertas”, afirmou o Cardeal.