28 de novembro de 2024 Doar
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Começa causa de beatificação de Cardeal vietnamita preso político do regime comunista

O Papa Bento XVI expressou hoje sua alegria pela notícia do início da causa de beatificação do cardeal vietnamita Francois-Xavier Nguyen Van Thuan, a quem qualificou de "singular profeta da esperança cristã", e quem passou treze anos de sua vida e ministério episcopal em diversas prisões de seu país por causa de sua fé.

Assim o expressou o Santo Padre ao receber aos oficiais e colaboradores do Pontifício Conselho Justiça e Paz e aos membros da Fundação São Mateus e do Observatório Internacional Cardeal Van Thuan para a difusão da doutrina social da Igreja com ocasião do quinto aniversário da partida à Casa do Pai do Cardeal que esteve encarcerado entre 1975 –depois que Vietnam do Sul fora derrotado pelo Norte e começasse a repressão contra a Igreja Católica– e 1998, logo depois de ser nomeado Arcebispo coadjutor de Saigon (Thanh-Pho Ho Chi Minh).

Do Cardeal Van Thuan, Presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz (1998-2002) e iniciador da publicação do Compêndio da Doutrina Social da Igreja –publicado em outubro de 2004–, o Papa destacou seu "cordialidade e a capacidade que tinha de dialogar e de fazer-se próximo de todos; seu fervoroso compromisso na difusão da doutrina social da Igreja entre os pobres do mundo, o desejo pela evangelização em seu continente, a Ásia, a capacidade que tinha de coordenar as atividades de caridade e de promoção humana que promovia e sustentava nos lugares mais recônditos da terra".

O Cardeal, continuou Bento XVI, "era um homem de esperança, vivia de esperança e a difundia entre todos os que encontrava. Graças a esta energia espiritual resistiu a todas as dificuldades físicas e morais. A esperança o sustentou como bispo isolado durante treze anos de sua comunidade diocesana; a esperança lhe ajudou a perceber no absurdo dos eventos que lhe sucederam –nunca foi processado durante sua longa detenção– um intuito providencial de Deus".

"Ao Cardeal Van Thuan gostava de repetir que o cristão é o homem do agora, do momento presente que tem que acolher e viver com o amor de Cristo. Nesta capacidade de viver à hora presente tira o chapéu seu abandono íntimo nas mãos de Deus e a simplicidade evangélica que todos admiramos nele".

Sendo presidente do dicasterio vaticano, o então Papa João Paulo II lhe convidou a dirigir o retiro da Cúria Vaticano ao início da Quaresma do 2000. O tema escolhido pelo Cardeal para a ocasião foi "Testemunho e Esperança".

Até o dia de seu falecimento, o Cardeal levava a cruz peitoral que ele mesmo fabricou às escondidas com uma parte de madeira da prisão. O então Arcebispo adjunto de Saigon protegia a cruz ocultando-a em uma parte de sabão para que seus carcereiros não a tirassem; depois de sua liberação, cobriu essa cruz com uma capa de metal.

Durante seus anos na prisão, escreveu várias cartas a seus paroquianos, as mesmas que primeiro circularam clandestinamente, e em seguida reunidas em um livro intitulado "Ao longo do Caminho da Esperança".

O Cardeal vietnamita faleceu em Roma em 16 de setembro de 2002.

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