VATICANO, Mar 7, 2008 / 11:18 am
Ao receber no Vaticano aos membros do Comitê Pontifício de Ciências Históricas, o Papa Bento XVI advertiu que o "desinteresse pela história" produz uma sociedade "particularmente propensa à manipulação ideológica".
Segundo o Papa, hoje não só se confronta "uma historiografia hostil ao cristianismo e à Igreja", mas também "a historiografia de por si atravessa uma crise muito séria e deve lutar por sua existência em uma sociedade plasmada pelo positivismo e o materialismo; duas ideologias que levaram a um entusiasmo desenfreado pelo progresso (...) que determina a concepção da vida de amplos setores da sociedade. O passado se apresenta somente como uma escura cortina de fundo sobre o que resplandecem o presente e o futuro com enganosas promessas".
"É típico desta mentalidade o desinteresse pela história que se traduz na marginalização das ciências históricas. Tudo isso produz uma sociedade que, esquecida de seu passado e desprovido portanto dos critérios adquiridos com a experiência, não é capaz de projetar uma convivência harmoniosa e um compromisso comum para realizar objetivos futuros. Uma sociedade como essa é particularmente propenso à manipulação ideológica", indicou.
Do mesmo modo, advertiu que este perigo aumenta cada vez mais a causa "da excessiva ênfase dada à história contemporânea, sobre tudo quando as investigações estão condicionadas por uma metodologia inspirada no positivismo e a sociologia, ignorando outros âmbitos importantes da realidade histórica e inclusive inteiras épocas".
"Embora não corresponde à história propriamente eclesiástica, a análise histórica forma parte da descrição do espaço vital onde a Igreja levou e leva a cabo sua missão através dos séculos". "Sem dúvida, a vida e a ação eclesiástica foram sempre determinadas, facilitadas ou dificultadas pelos diversos contextos históricos. A Igreja não é deste mundo mas vive nele e com ele", recordou.
Depois de assinalar que as ciências históricas são "um campo de grande interesse para a vida da Igreja", o Papa recordou que foi Leão XIII quem, "perante uma historiografia orientada pelo espírito de seu tempo e hostil à Igreja abriu à investigação o arquivo da Santa Sé convencido de que o estudo e a descrição da autêntica história da Igreja não podiam pelo menos que ser favoráveis".
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