21 de novembro de 2024 Doar
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O Papa aplica exemplo de São João Maria Vianney ao mundo de hoje

Durante a Audiência Geral desta quarta-feira, e tal como tinha anunciado durante o Ângelus dominical, o Papa Bento XVI dedicou a Catequese a destacar a vida e o exemplo do padroeiro do Ano do Sacerdócio, São João Maria Vianney.

O Pontífice iniciou seu discurso recordando que “eram as duas da manhã de 4 de agosto de 1859, quando São João Batista Maria Vianney, terminado o curso de sua existência terrena, foi ao encontro do encontro do Padre celeste”.

“Que grande festa deve ter acontecido no Paraíso com o ingresso de um pastor tão zeloso! Que acolhida devem haver-lhe reservado as multidões de filhos reconciliados com o Pai, mediante sua obra de pároco e confessor!”; disse o Papa, ao recordar que “depende da santidade a credibilidade do testemunho e em definitiva, a eficácia mesma da missão de cada sacerdote”.

Recordando logo alguns rasgos biográficos do santo, nascido em Dardilly em 8 de maio de 1786, até que, depois de muitos esforços “à idade de 29 anos, depois de muitas inseguranças, não poucos fracassos e tantas lágrimas, pôde subir ao altar do Senhor e realizar o sonho de sua vida”.

“O Santo Padre de Ars”, prosseguiu o Pontífice, manifestou sempre uma altíssima consideração pelo dom recebido. Afirmava: ‘OH! Que coisa grande é o Sacerdócio! Não o entenderemos bem a não ser no Céu… se o compreendesse sobre a terra, morreria não de temor, mas sim de amor!”“.

Bento XVI recordou logo que “no serviço pastoral, tão simples quanto extraordinariamente fecundo, este anônimo pároco de uma perdida aldeia do sul da França chegou de tal maneira a compenetrar-se com seu ministério, até converter-se, inclusive de maneira visível e universalmente reconhecível, alter Christus, imagem do Bom Pastor, que, a diferença do mercenário, dá a vida pelas ovelhas”.

O Pontífice recordou também que “o centro de toda sua vida era portanto a Eucaristia, que celebrava e adorava com devoção e respeito. Outra característica fundamental desta extraordinária figura sacerdotal era o assíduo ministério das confissões. Reconhecia na prática do sacramento da penitência o lógico e natural cumprimento do apostolado sacerdotal, em obediência ao mandato de Cristo”.

“São João Maria Vianney se distinguiu portanto como ótimo e incansável confessor e mestre espiritual”, adicionou o Santo Padre.

O Papa advertiu que os métodos pastorais do Santo “poderiam parecer pouco adaptados às atuais condições sociais e culturais”. Entretanto, explicou que “embora seja verdade que os tempos mudaram e muitos carismas são típicos da pessoa, e portanto irrepetíveis, existe entretanto um estilo de vida e um desejo de fundo que todos estamos chamados a cultivar”.  

Em efeito, prosseguiu o Pontífice, “aquilo que fez santo ao Cura D’Ars foi sua humilde fidelidade à missão à qual Deus o tinha chamado; foi seu constante abandono, cheio de confiança, às mãos da Providência divina”.

É assim, adicionou Bento XVI, como “conseguiu mudar o coração das pessoas não com a força dos seus próprios dons humanos, nem pondo esforço exclusivamente em um louvável compromisso da vontade; conquistou as almas, inclusive as mais rebeldes, comunicando-lhes o que intimamente vivia, quer dizer, sua amizade com Cristo”.

O Papa animou portanto, a não limitar a figura do Santo a “um exemplo” da espiritualidade do século XIX; “é necessário pelo contrário recolher a força profética que marca sua personalidade humana e sacerdotal de altíssima atualidade”.

A 150 anos de sua morte, “os desafios da sociedade de hoje não são menos exigentes, em realidade, se  fizeram mais complexas. Se então se destacava a ‘ditadura do racionalismo’, na época atual se registra em muitos ambientes uma sorte de ‘ditadura do relativismo’”, disse o Papa.

“Ambas –prosseguiu– aparecem como respostas inadequadas ao justo desejo do homem de usar plenamente sua própria razão como elemento distintivo e constitutivo da sua própria identidade”.  Mas “o relativismo contemporâneo mortifica a razão, porque de fato chega a afirmar que o ser humano não pode conhecer nada com certeza além do campo científico positivo. Hoje por outro lado, como então, o homem ‘mendigo de sentido e plenitude’ vai em busca contínua de respostas exaustivas às perguntas de fundo que não cessa de expor-se”.

O Papa concluiu destacando que o ensino que nos segue transmitindo o Santo Cura D’Ars é que, na base de todo compromisso pastoral, o sacerdote deve propor uma íntima união pessoal com Cristo, a ser cultivada e incrementada dia após dia. Somente se estiver apaixonado por Cristo, o sacerdote poderá ensinar a todos esta união, esta amizade íntima com o divino Professor, poderá tocar os corações das pessoas e abrí-los ao amor misericordioso do Senhor. “Só assim, como conseqüência, poderá infundir entusiasmo e vitalidade espiritual às comunidades que o Senhor lhes confie”.

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