23 de dezembro de 2024 Doar
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Diretor do filme "La Ultima Cima": "Não há um protagonista mais atrativo e atraente que Deus"

O diretor do filme “La Ultima Cima” (ou em português “O Último Cume”), o documentário que narra a vida do sacerdote Pablo Domínguez, concedeu uma entrevista à agência ACI Prensa, que encabeça o Grupo ACI, do qual faz parte ACI Digital) na qual ele refletiu sobre as razões do grande êxito do seu filme e confirmou que já existem negociações avançadas para que o filme chegue à América Latina e aos Estados Unidos.

Para Juan Manuel Cotelo a destacada resposta dos espectadores –tanto em número como em histórias de conversão–, "deve-se ao magnetismo que Deus tem sobre qualquer pessoa". "Se Pablo for atrativo… é porque o amor de sua vida também o é. O protagonista da vida de Pablo é Deus e, no filme, também. Não há, entre todos os atores e atrizes mais famosos do mundo, um protagonista mais atrativo e atraente que Deus", indicou.

A seguir oferecemos a entrevista na íntegra.

ACI Prensa: Como nasceu a idéia de filmar "La Ultima Cima"?

Cotelo: Surgiu contra minha vontade, inicialmente. Primeiro resisti a conhecer Pablo, mas o conheci pela insistência de um amigo. Encontrei nele um sacerdote simpático, brincalhão, profundo, carinhoso e próximo, que imediatamente se pôs ao meu serviço. Duas semanas depois soube que havia falecido e descobri várias coincidências entre sua vida e a minha: ele nasceu três dias antes que eu, no mesmo bairro, e compartilhávamos nosso amor às montanhas. Penso que também nos unia o desejo de apresentar o amor de Deus aos homens de modo amável, atrativo, singelo, simpático, otimista, para todos os públicos, quebrando barreiras. Porque não há outro modo de apresentar o Evangelho. E, pouco a pouco, conforme averigüei mais coisas sobre ele, percebia que sua vida merecia ser conhecida, porque era estimulante para qualquer pessoa.

ACI Prensa: O que há na vida do Pe. Pablo Domínguez que chamou tanto a atenção do público?

Cotelo: A eficácia maravilhosa que pode ter um cristão coerente. Sobre tudo, destaca sua alegria contagiosa, e seu amor contagioso de Deus e das pessoas. Pablo é um modelo próximo, imitável, de carne e osso. É alguém que demonstra com atos que a santidade, hoje, é possível para qualquer um. Que não é preciso realizar grandes gestas para que sua vida seja plena para você e para os que o rodeiam. Todo isso chega ao espectador, que sai do cinema muito comovido, não só pelo que conheceu sobre a vida de Pablo, mas também pelo que descobre que pode ser também sua própria vida a partir desse momento. Só assim se explica que haja dúzias de espectadores que experimentem um processo de conversão pessoal, depois de ver o filme.

ACI Prensa: O filme é um êxito de bilheteria. A que se deve isto?

Cotelo: Isto se deve a vários fatores. Em primeiro lugar, à personalidade de Pablo, que é tão atrativa. Todos gostam de conhecer e de aproximar-nos de boas pessoas e Pablo o é. Por isso o filme sobre sua vida atrai tanta gente, do mesmo modo que suas missas estavam repletas de pessoas que queriam escutá-lo e vê-lo celebrar a missa. Em segundo lugar, deve-se a que os espectadores, quando saem da sala, recomendam-na a outras pessoas com entusiasmo. Não existe melhor publicidade que uma pessoa viva e próxima que recomende algo. O êxito não se deveu à publicidade "inerte", nem a um plano estratégico, mas à promoção viva que fizeram os próprios espectadores, em pessoa ou através da Internet, com seus contatos, conhecidos, amigos e familiares. E em terceiro lugar diria que, sobre tudo, deve-se ao magnetismo que Deus tem sobre qualquer pessoa. Se Pablo for atrativo… é porque o amor de sua vida também o é. O protagonista da vida de Pablo é Deus e, no filme, também. Não há, entre todos os atores e atrizes mais famosos do mundo, um protagonista mais atrativo e atraente que Deus.

ACI Prensa: Qual é a importância de difundir uma autêntica vida sacerdotal especialmente na conjuntura que a Igreja vive hoje?

Cotelo: A situação que vive hoje a Igreja é idêntica à que viveram os primeiros cristãos. Há um desejo insaciável de Deus, em todas as pessoas, e muitos buscam satisfazê-lo com sucedâneos que, antes ou depois, nos deixam de novo com apetite. Está cheio de vendedores que atuam sem complexos prometendo a felicidade com produtos falsos: a saúde, o dinheiro, o êxito profissional, as viagens, a diversão ou um tamanho maior de sutiã. Os sacerdotes, hoje e sempre, podem facilitar às pessoas o acesso ao único que pode encher o coração humano: o amor incondicional de Deus a cada pessoa, seja como for, viva como viva. A autêntica vida sacerdotal é a missão mais transcendente que uma pessoa pode ter encomendada na vida: levar até o coração das pessoas o amor e a paz de Deus, a única garantia de felicidade completa que existe. Essa missão não caducará jamais, nem deverá ser reinventada cada vez que as circunstâncias sociais variem. Por isso não acredito que deverei perder muito tempo analisando a "conjuntura social", mas será necessário por mãos à obra, dando amor a quem tenhamos adiante, como fez Pablo, sem maiores argumentos. 

ACI Prensa: Quais foram os principais problemas que encontraram para filmar o filme?

Cotelo: Mentiria se falasse de problemas externos, porque não houve. Nenhum. O único problema real foi minha própria reticência a pôr-me a trabalhar neste filme. A partir de então, tudo foi facilidades. Não existe dia em que não aprendamos, desfrutemos e nos emocionemos com tantas coisas preciosas que nos acontecem, sem buscá-las. Este filme é um maior presente para nós e para muitas pessoas.

ACI Prensa: O Bispo de San Sebastián (na Espanha), Dom José Ignacio Munilla, manifestou em uma entrevista que o filme teve o atrevimento de quebrar mitos e moldes. Você acredita que isso é assim?

Cotelo: Temos quebrado mitos e moldes criados por mentalidades estreitas, mas sem nenhum atrevimento por nossa parte. Simplesmente, o fizemos, sem que houvesse nisso um ato de valentia. Quebramos o mito que um documentário tem que ser necessariamente tedioso, ou dirigido a um público especial. Quebrado o molde que pretende enquadrar todos os sacerdotes como pessoas retrógradas, antipáticas, pederastas… Mas na realidade, quem quebra o molde é quem pretende reduzir a realidade a tópicos. Nós não inventamos nada novo, mas contamos a verdade: o mundo está cheio de gente boa, maravilhosa, exemplar, em quem os meios de comunicação não se fixam. Entre eles, muitos são sacerdotes. Mas basta saindo à rua com os olhos abertos, livres de preconceitos, para encontrar tantas histórias bonitas que ninguém conta. Um mero exemplo: uma pessoa beija a outra. Isso, deveria ser notícia. E, em troca, a notícia que costumamos ver é que alguém agrediu o outro.

ACI Prensa: Vocês receberam notícias de espectadores jovens que graças ao filme decidiram optar por uma vocação sacerdotal. Você poderia dar-nos alguns detalhes?

Cotelo: Pertence ao âmbito da intimidade dessas pessoas e, portanto, não devo fazê-lo público, embora eles tenham tido a generosidade de compartilhá-lo conosco. Simplesmente direi que, diariamente, chegam-nos muitas mensagens, cartas escritas à mão, chamadas telefônicas, de pessoas que compartilham conosco de modo íntimo que o filme os motivou a viver uma vida mais generosa com Deus e com as pessoas que têm perto. É muito emocionante, precioso. Passamos o dia dando graças a Deus por servir-se do nosso trabalho para despertar tantas pessoas adormecidas.

ACI Prensa: Muitas pessoas perguntam se será possível que o filme seja visto na América Latina. Vocês pensam fazê-lo?

Cotelo: É obvio. Agora começaremos a fechar acordos de distribuição com países de todo o mundo, de onde nos chegam as solicitudes. Tudo vai muito rápido, temos que organizá-lo, contando com a ajuda de pessoas em cada país, que colaborem a divulgar este filme. Começaremos na Colômbia, México, Chile, Argentina, República Dominicana, Estados Unidos… em todos esses países já começamos a trabalhar.

ACI Prensa: Logo depois deste êxito vocês têm algum outro filme em projeto?

Cotelo: Sim, temos vários projetos preciosos, que foram freados quando Pablo cruzou por nossas vidas. Agora os retomaremos todos, um por um. O objetivo não é produzir muitos filmes, mas sim que cada um dela possa tocar o coração das pessoas, convidando-as à reflexão, ao descobrimento da beleza de Deus, das pessoas e do mundo. Isso exige trabalhar com mimo, sem pressa, dando prioridade à criatividade por cima da quantidade. 

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