CASTEL GANDOLFO, Aug 15, 2010 / 13:22 pm
Ao presidir esta manhã a Eucaristia na Solenidade da Assunção da Virgem Maria na igreja paroquial de Santo Tomás de Villanueva em Castel Gandolfo, o Papa Bento XVI alentou os presentes a trabalhar cotidianamente para que o mundo seja de Deus, quem com a Ressurreição de Cristo põe ao alcance de todos a possibilidade e o dom de chegar à eternidade.
Segundo assinala a Rádio Vaticano, ao iniciar sua homilia o Santo Padre recordou que "hoje a Igreja celebra uma das festas mais importantes do ano litúrgico dedicadas à Maria Santíssima: o Assunção. Ao término de sua vida terrena, Maria foi levada com alma e corpo ao Céu, quer dizer à glória da vida eterna, na plena e perfeita comunhão com Deus".
Depois de assinalar que neste 2010 a Igreja celebra ademais os 60 anos do dogma estabelecido pelo venerável Papa Pio XII em 1 de novembro de 1950, sobre a Assunção da Virgem, na constituição apostólica Munificentissimus Deus, Bento XVI explicou que com ele "acreditam que Maria, como Cristo seu Filho, já venceu a morte e trunfa na glória celeste na totalidade de seu ser, ‘com alma e corpo’".
São Paulo, disse logo, ajuda a compreender este mistério a partir do fato central da história humana: a ressurreição de Cristo, da qual somos partícipes através do Batismo.
Depois de explicar que a vitória sobre a morte tem também sua raiz na fé de Maria, "que é obediência à Palavra de Deus e abandono total à iniciativa e à ação divina, segundo o que lhe anuncia o Arcanjo", o Papa Bento precisou que "hoje não nos limitamos a admirar Maria em seu destino glorioso, como uma pessoa muito longínqua a nós".
"Não! –exclamou– Estamos chamados o mesmo tempo a ver quanto o Senhor, em seu amor, quis também para nós, para nosso destino final: viver através da fé na comunhão perfeita de amor com Ele e assim viver verdadeiramente para sempre".
Logo explicou que o céu não se refere a um lugar físico mas a algo muito maior e difícil de definir com os limitados conceitos humanos: "Com este término ‘céu’ queremos afirmar que Deus –o Deus que se fez próximo –não nos abandona nem sequer na morte ou além dela, mas que tem um lugar para nós e nos doa a eternidade, que em Deus há um lugar para nós".
"Para compreender um pouco esta realidade olhemos nossa própria vida: todos experimentamos que uma pessoa, quando está morta, segue subsistindo de alguma forma na memória e no coração de quem a conheceu e amou. Poderíamos dizer que neles segue vivendo uma parte desta pessoa, mas é como uma ‘sombra’, porque também esta sobrevivência no coração dos próprios seres queridos está destinada a terminar. Deus, por outro lado, não passa jamais e todos existimos em virtude de seu amor eterno; existimos porque Ele nos ama, porque ele nos pensou e nos chamou à vida. Existimos nos pensamentos e no amor de Deus. Existimos em toda nossa realidade, não só em nossa ‘sombra’".
"Nossa serenidade, nossa esperança, nossa paz se fundam precisamente nisto: em Deus, Ele em seu pensamento e em seu amor, não sobrevive só uma ‘sombra’ de nós mesmos, mas nele, em seu amor criador, nós somos custodiados e introduzidos com toda nossa vida, com todo nosso ser na eternidade", acrescentou.
"É o amor de Deus que vence a morte e nos dá a eternidade, e a este amor nós chamamos céu: Deus é tão grande que tem um lugar também para nós", precisou Bento XVI.
"Isto quer dizer que de cada um de nós não seguirá existindo só uma parte que nos é, por dizê-lo de alguma forma, arrancada, enquanto outras se arruínam; quer dizer na realidade que Deus conhece e ama o homem todo, o que nós somos. E Deus acolhe em sua eternidade o que agora, em nossa vida, feita de sofrimento e amor; de esperança, de alegria e de tristeza, cresce e chega a ser. Todo o homem, toda sua vida é tomada por Deus e nele purificada, e recebe a eternidade. Queridos amigos, eu penso que esta é uma verdade que nos deve encher de profunda alegria".
O Cristianismo, continuou o Papa, "não anuncia apenas algum tipo de salvação da alma em um impreciso mais à frente, no qual tudo o que neste mundo foi para nós precioso e querido seria apagado com um golpe de esponja, mas promete a vida eterna, ‘a vida do mundo que virá’: nada do que nos é precioso e querido será arruinado, mas encontrará plenitude em Deus".
Depois de alentar os presentes a trabalhar por "um mundo de Deus", Bento XVI os animou a rezar ao Senhor para que "nos faça compreender quão preciosa é toda nossa vida ante seus olhos; reforce nossa fé na vida eterna; faça-nos homens de esperança, que trabalham para construir um mundo aberto a Deus, homens cheios de alegria, que sabem vislumbrar a beleza do mundo futuro em meio dos afãs da vida cotidiana e que nesta certeza vivem".
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