22 de novembro de 2024 Doar
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Lefebvristas dizem não à reconciliação com a Igreja

Bernard Fellay, líder da Fraternidade São Pio X que reúne os seguidores do Arcebispo francês Marcel Lefebvre -que ordenou em 1988 quatro bispos sem permissão papal e que faleceu excomungado- assinalou que os diálogos de seu grupo com a Santa Sé estariam por "chegar ao fim" sem um acordo sobre sua reconciliação com a Igreja.

No último dia 2 de fevereiro em uma entrevista concedida aos membros nos Estados Unidos de sua fraternidade, Fellay, um dos quatro bispos ordenados pelo Lefebvre, disse que no diálogo com a Santa Sé não puderam convencer os representantes do Vaticano a fazer que a Igreja retorne ao estado anterior ao Concílio Vaticano II.

Fellay explicou que a Santa Sé assinalou-lhes que "existiam problemas doutrinais com a Fraternidade e que os mesmos deviam ser esclarecidos antes de um reconhecimento canônico" por parte da Igreja após o levantamento das excomunhões.

Os membros desta fraternidade não reconhecem o Concílio Vaticano II nem o Magistério dos Papas posteriores a Pio XII: Juan XXIII, Paulo VI, João Paulo I, João Paulo II e Bento XVI.

Entretanto os lefebvristas acolheram bem o documento Summorum Pontificum de 2007, com o qual o Papa Bento XVI promovia a Missa em latim, a única que eles admitem como válida.

Fellay disse ademais que o diálogo com a Santa Sé "trata-se de outra coisa: queremos expor a Roma o que a Igreja sempre ensinou, e com isso, assinalar as contradições existentes entre este ensinamento multisecular e o que acontece depois do Concílio. Da nossa parte, esse é o único objetivo que perseguimos".

Ao ser perguntado sobre se o Concílio lhe parece "um obstáculo insalvável", Fellay respondeu que "para nós, em todo caso, sim é".

Sobre os assuntos tratados nos diálogos com a Santa Sé assinalou que "posso dizer simplesmente que estamos chegando ao término, porque já repassamos os principais temas resultantes do Concílio".

Fellay também disse que se opõe à convocatória feita pelo Papa para rezar com líderes de outras religiões em outubro em Assis. Em sua opinião, o Papa Bento XVI parece querer complicar as coisas desnecessariamente com este assunto.

O Concílio Vaticano II, que congregou centenas de bispos de todo o mundo em diversas sessões entre 1962 e 1965 em Roma, é um dos acontecimentos eclesiásticos mais importantes da história contemporânea.

O histórico evento, presidido sucessivamente pelos Papas João XXIII e Paulo VI, produziu um corpo de doutrina que busca promover a fé católica no mundo, renovar a vida cristã dos fiéis, adaptar a liturgia e animar a presença ativa dos Leigos na vida da Igreja. O Concílio produziu 16 documentos, quatro constituições, nove decretos e três declarações conciliares.

Antecedentes

Em 21 de janeiro de 2009 o Papa Bento XVI decidiu levantar a excomunhão que pesava sobre os quatro bispos ordenados por Lefebvre em 1988: Bernard Fellay, Richard Williamson, Alfonso de Galarreta e Tissier de Mallerais.

No dia 4 de fevereiro de 2009, a Secretaria de Estado Vaticano indicou em um comunicado que os quatro bispos estão obrigados ao "pleno reconhecimento do Concílio Vaticano II" e do Magistério de todos os Papas posteriores a Pio XII.

O texto também solicitava a um destes quatro, o bispo Richard Williamson (que nega o holocausto dos judeus), que tome distância "publicamente e de modo totalmente inequívoco sobre suas posições quanto à Shoah, não conhecidas pelo Santo Padre no momento do levantamento da excomunhão".

A nota da Secretaria de Estado Vaticano explicava ademais que "o levantamento da excomunhão liberou os quatro bispos de uma pena canônica muito grave, mas não mudou a situação jurídica da Fraternidade São Pio X, que no momento atual, não goza de nenhum reconhecimento canônico na Igreja Católica".

"Além disso os quatro bispos, embora já não estejam excomungados, não têm uma função canônica na Igreja e não exercitam licitamente um ministério nela".

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