22 de novembro de 2024 Doar
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O Papa: Deus sempre chama por amor e espera resposta

O Papa Bento XVI explicou que por amor, Deus sempre chama a cada um dos homens e mulheres por seu nome, de maneira pessoal, e espera uma resposta concreta para colaborar com Ele na história da salvação da humanidade.

Na lectio divina que presidiu ontem pela tarde, em sua visita ao Seminário Romano Maior na véspera da festa da Virgem da Confiança, Padroeira do Instituto, o Santo Padre refletiu sobre a passagem da Carta aos Efésios 4,3 na que São Paulo exorta a "conservar a unidade no espírito".

O Papa recordou que "o comportamento dos cristãos é a conseqüência do dom, a realização do dom que nos dá, não é um afeto automático porque com Deus estamos sempre na realidade da liberdade".

"O Batismo, sabemos, não produz automaticamente uma vida coerente: esta é fruto da vontade e do esforço perseverante de colaborar com o dom, com a Graça recebida. E este esforço custa, há um preço a ser pago por pessoa".

Seguir a Cristo, disse o Papa, "significa compartilhar sua Paixão, sua Cruz, segui-lo até o final, e esta participação no destino do Mestre une profundamente a Ele e reforça a exortação do Apóstolo".

Bento XVI explicou também que São Paulo se refere à vocação de todo cristão, à chamada de Deus para viver com Ele: "a vida cristã começa com uma chamada e permanece sempre uma resposta, até o final. Já seja na dimensão de acreditar ou na dimensão do atuar: tanto a fé como o comportamento do cristão são correspondentes à graça da vocação".

Depois de colocar como exemplo deste seguimento a Virgem Maria, Mãe da Igreja, o Papa recorda que "devemos ter em conta que não falamos de pessoas do passado. Deus, o Senhor, chamou a cada um de nós com seu nome. Deus é tão grande que tem tempo para cada um de nós, me conhece, conhece cada um por nome, pessoalmente. É uma chamada pessoal, para cada um de nós. Penso que devemos meditar muitas vezes este mistério".

"Deus, o Senhor, que me chamou, me conhece, espera minha resposta como esperava a resposta de Maria, como esperava a resposta dos Apóstolos. Deus me chama: este fato deveria nos fazer atentos à voz de Deus, atentos a sua Palavra, a sua chamada para mim, para responder, para realizar esta parte da história da salvação para a qual me chamou".

Em seguida o Papa fez uma reflexão sobre alguns elementos deste seguimento: a humildade, a doçura, a magnanimidade e a capacidade de suportar-se uns aos outros no amor.

Sobre a humildade põe como exemplo a Cristo, quem "descende até mim, é tão grande que se faz meu amigo, sofre por mim e morre por mim. Esta é a humildade que deve ser aprendida, a humildade de Deus. Quer dizer que devemos sempre nos ver à luz de Deus, assim, ao mesmo tempo, podemos conhecer a grandeza de ser uma pessoa amada Por Deus, mas também nossa pequenez e pobreza, e assim nos comportarmos justamente, não como patrões mas como servos".

Em relação à doçura, Bento XVI afirmou que "é uma palavra cristológica que implica novamente imitar a Cristo, encontrar este espírito de ser dóceis, sem violência de convencer com o amor e a bondade".

"A magnanimidade quer dizer a generosidade do coração, não ser minimalistas que dão apenas o que é estritamente necessário:ofertemo-nos a nós mesmos com tudo o que possamos para crescer também nós nesta virtude".

O Santo Padre disse logo que suportar-se uns aos outros "é uma tarefa de cada dia, suportar-se na própria alteridade, com humildade, aprender o verdadeiro amor". Seguidamente explicou que embora Deus chame de maneira pessoal, esta chamada também é comunitária, eclesiástica, ressaltando a importância da vida comunitária, neste caso do seminário, de onde sairão sacerdotes às paróquias para pastorear os fiéis na Igreja.

Ante as dificuldades próprias do corpo eclesiástico, continuou, "devemos ter presente que é belíssimo estar em uma companhia, caminhar em uma grande companhia de todos os séculos, ter amigos no Céu e na terra, e sentir a beleza deste corpo, ser felizes porque o Senhor nos chamou em um corpo e nos deu amigos em todas as partes do mundo".

"A unidade da Igreja não está dada por um 'selo' imposto exteriormente, mas é o fruto de uma concórdia, de um comum esforço por comportar-se como Jesus, com a força do Espírito".

Na parte final da lectio divina, o Papa assinalou que "o amor cristão é um vínculo, mas um vínculo que liberta!". A imagem de São Paulo feito prisioneiro de Cristo é um exemplo disto: "como Jesus mesmo, fez-se escravo para nos liberar".

"Para conservar a unidade do espírito -concluiu- é necessário assumir no próprio comportamento aquela humildade, doçura e magnanimidade que Jesus testemunhou em sua paixão, é necessário ter as mãos e o coração ligados àquele vínculo de amor que Ele mesmo aceitou por nós, fazendo-se nosso servo".

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