KONIGSTEIN, Mar 8, 2011 / 11:48 am
O Arcebispo de Lahore (Paquistão), Dom Lawrence Saldanha, assinalou que o assassinato do ministro católico Shahbaz Bhatti constitui uma perda terrível para os cristãos no país que ficaram sem "um grande líder" que sempre defendeu a esta comunidade.
Shahbaz Bhatti foi interceptado na quarta-feira 2 de março por um grupo de mascarados quando saía em direção ao seu escritório. Os assassinos que se identificaram como membros do Al Qaeda dispararam contra o veículo com armas automáticas durante dois minutos. O ministro recebeu em total oito disparos que causaram a sua morte.
Os panfletos deixados pelos assassinos do ministro Bhatti na cena do crime continham frases como "foi morto porque era cristão, infiel e blasfemo", seu assassinato é parte de "uma guerra de religião para eliminar àqueles que desejam modificar a lei sobre a blasfêmia"; e "por graça de Alá, todos os que são membros da Comissão de revisão da lei, irão ao inferno".
A lei de blasfêmia é uma norma inspirada na lei xaria (muçulmana) que castiga quem ofenda o Corão ou Maomé, e costuma ser usada para perseguir as minorias como a cristã pois um muçulmano pode acusar alguém sem provas e sem testemunhas. Os castigos por quebrar esta lei chegam inclusive à pena de morte.
Na sexta-feira e logo depois da Missa de exéquias o Arcebispo de Islamabad, Dom Anthony Rufin, disse que o funcionário "deu sua vida pela fé. Estou seguro de que a Igreja, seguindo seus tempos, o proclamará como mártir".
Em entrevista concedida à organização internacional católica Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), Dom Lawrence Saldanha disse que este assassinato perpetrado por extremistas revela que o governo é "muito fraco ao enfrentar a ameaça do extremismo".
Desde Lahore, o Prelado disse que "o homicídio de Shahbaz Bhatti é a perda de um grande líder para nossa comunidade que nos defendeu e articulou as preocupações e temores do nosso povo. Não temos um líder agora" para os 2,5 milhões de cristãos no Paquistão.
"Nossa gente está muito triste. Temem pelo futuro mais que antes. Sentem que são cidadãos de segunda classe. Não podemos falar publicamente. Sentimo-nos oprimidos, reprimidos e deprimidos".
Depois de descrever o falecido ministro como "um homem de grande integridade que opinava e mantinha suas opiniões", o Arcebispo Saldanha expressou suas dúvidas ante o fato que o sucessor de Bhatti como ministros de minorias tenha seu mesmo valor e determinação na defesa destas comunidades.
Sobre a comunidade católica, o Prelado disse que "nossa gente é muito determinada. Por séculos sofreram. Isto não é novo para eles. Sempre estiveram no olho da tormenta. Seguimos adiante pela graça de Deus".
Dom Saldanha recordou que os católicos no Paquistão necessitam muita ajuda, também a da AIS, "e a de pessoas dispostas a apoiar as vítimas da violência para que se libertem do temor e da ameaça de novos ataques".
O Arcebispo também informou que algumas instalações cristãs estão sendo custodiadas como sua Catedral do Sagrado Coração em Lahore que está resguardada pela polícia, com a ajuda de câmaras, barreiras de cimento, sacos de areia e muros de segurança de um metro aproximadamente.
"É como Fort Knox (a base militar mais famosa dos Estados Unidos)", concluiu.
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