HAVANA, Mar 18, 2011 / 14:18 pm
O Pe. José Conrado Rodríguez Alegre, pároco da igreja Santa Teresinha do Menino Jesus, em Santiago de Cuba, afirmou que se deve procurar uma solução pacífica aos problemas da Ilha e assinalou que como sacerdote tem duas paróquias, uma dentro de Cuba "e uma grande, que é o exílio".
"Sinto que Deus me pede estar ao lado de meu povo e que meu lugar está em Cuba. Aconteça o que acontecer, ali. Não sei o que vai passar comigo, mas ali ficarei", afirmou o sacerdote ao site CaféFuerte.com, de Miami (Estados Unidos), ao mesmo tempo que assinalou que tem um compromisso com os exilados cubanos, aos quais visita pastoralmente no país norte-americano durante suas férias.
"Para mim uma da coisas que a Igreja Católica deveria que fazer já é estabelecer pontes, propiciar que o exílio se sinta parte da Igreja, que esses vínculos se renovem em um nível profundo, sobre tudo o exílio católico com relação à Igreja Católica".
Entretanto, ele relatou que permanece na Ilha para cuidar de sua mãe de 85 anos, que "ficou em Cuba por mim", e por "as milhares de razões eclesiásticas, patrióticas, éticas, que me exigem ficar ao lado de meu povo quando meu povo sofre. E não vou abandoná-lo. O pastor não abandona as ovelhas".
Na entrevista difundida no dia 14 de março, o Pe. Rodríguez Alegre alentou a solução pacífica aos problemas do país porque "não acredito que ninguém sensato, ninguém medianamente cordial, possa querer uma saída violenta em Cuba. Em todos os sentidos é um fracasso do espírito e do coração da nação e seria de conseqüências terríveis".
"Mas ao mesmo tempo eu digo que há muitas formas de matar e de morrer, e de prolongar irrestritamente uma situação que tem como conseqüência a morte do espírito humano, a morte dos valores do ser humano, isso também é uma guerra terrível".
Entretanto, o padre disse ser um "homem que acredita em Deus e sei que Deus nunca põe a seus filhos em uma situação que não tenha saída. Há uma saída, mas será preciso pôr todos os meios em função de encontrá-la".
O sacerdote indicou que na liberação dos presos políticos têm um papel importante a Igreja e "a perseverança e a valentia" das Damas de Branco, assim como todos os familiares dos prisioneiros. Disse que a morte de Orlando Zapata Tamayo e a greve de Guillermo Fariñas tiveram um enorme impacto internacional.
"Criou-se uma situação na que realmente o governo estava contra a parede e a saída foi iniciar esta negociação que o Cardeal Jaime Ortega propiciou com sua carta ao chefe de Estado, porque foi ele quem escreveu a Raúl Castro dizendo “‘É preciso resolver isto, aqui há um problema muito sério e deve-se buscar a saída'".
Embora considere que a deportação dos detentos não é a melhor solução, o Pe. Rodríguez Alegre recordou as condições desumanas dos cárceres cubanos e o "verdadeiro calvário" que tiveram que enfrentar os familiares.
"Em Cuba o que deve ser fechado é a fábrica de presos", expressou.
O sacerdote relatou que em sua paróquia a primeira preocupação dos fiéis "é comer nas vezes que se possa comer no dia (...). As pessoas tentam sobreviver", sobre tudo agora com as demissões, "porque em Cuba se sobreviveu graças ao fato que a família é muito solidária".
Indicou que "a outra questão fundamental é a desesperança", porque ao não ver saídas, os jovens procuram ir-se e assim Cuba se está "convertendo em uma ilha de anciãos", além disso a taxa de nascimentos é baixa e o país "necessita renovação, necessita juventude, necessita infância".
"O governo necessita nestes momentos uma séria reflexão para descobrir que há outras maneiras de governar, que há outras maneiras de exercer o poder e que são mais convenientes para eles e para todos (...). Porque disso se trata: de todos os cubanos sem exclusões", expressou.
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